O Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) moçambicano emitiu este domingo um aviso vermelho face à formação de uma tempestade tropical severa, que deverá atingir o sul e centro com rajadas até 120 quilómetros por hora e chuvas fortes.
Em comunicado, o Inam refere que às 10h30 locais (8h30 em Lisboa) de hoje as projeções apontavam que a atual perturbação tropical continue "a evoluir e atingir o estágio de tempestade tropical severa".
A previsão é de ventos fortes até 85 quilómetros por hora e rajadas até 120 quilómetros por hora, "o que poderá agitar o estado do mar, gerando ondas até sete metros de altura".
"Adicionalmente, prevê-se a ocorrência de ventos fortes e chuvas moderadas, localmente muito fortes, acompanhadas de trovoadas nos distritos costeiros das províncias de Gaza, Inhambane (sul), Sofala e Zambézia (centro)", acrescenta o comunicado.
O Inam está a aconselhar a adoção de "medidas de precaução e segurança para a navegação marítima".
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou, no final de setembro, para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno 'El Ninõ' no país nos meses seguintes, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.
"A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas", afirmou o chefe de Estado.
Filipe Nyusi avisou que as previsões indicam que o país vai voltar a "registar o fenómeno 'El Ninõ'", que "pode trazer chuvas normais com tendência para acima do normal no centro e norte do país, e chuvas normais com tendência para abaixo do normal, que podem originar alguns focos de seca, na região sul".
"Isso exige que sejamos todos cautelosos e estejamos preparados para enfrentar este desafio causado pelas mudanças climáticas. Organizemo-nos. Chamo a atenção para que poupemos e reservemos água para o consumo e para o nosso gado", alertou ainda.
"Este é um apelo que faço para todo o país. Portanto, estejamos atentos e sigamos as orientações para mitigar o impacto, evitando ou minimizando os danos e perdas, incluindo de vidas humanas, por um lado, por outro, que façamos uma gestão adequada e responsável de água, especialmente em momentos de escassez", acrescentou, na mesma mensagem.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.
Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram no país mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, segundo dados oficiais do Governo.