Numa sessão pública, em Lisboa, “pela paz e pelo fim à invasão da Ucrânia”, Luís Fazenda apelou a um papel mais ativo da União Europeia e das Nações Unidas como mediadores das negociações entre a Rússia e a Ucrânia.
“Se nós não temos a menor duvida na condenação do imperialismo russo, da invasão russa, também connosco não praticam censura sobre os crimes da NATO, no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Líbia. […] A NATO não passou a ser a pomba da paz, é necessário que a União Europeia repense estrategicamente o seu papel para a paz. Aquilo que os Estados Unidos pensam acerca do mundo pode não ser necessariamente, e não é, o que a Europa possa pensar”, considerou.
Por isso, o antigo deputado apelou a que o Conselho Europeu da próxima semana “possa abrir caminho a uma solução negociada e a não a mais escaladas da guerra”.
Luís Fazenda defendeu que a ONU “tem de dar sinais de que pretende intermediar o processo de paz”, considerando que “não há verdadeiras negociações que sejam apenas entre o agressor e o agredido”, que só podem resultar em imposições da Rússia sobre a Ucrânia.
Na mesma sessão, a eurodeputada do BE Marisa Matias defendeu que “a União Europeia pode ter um papel importante no processo de paz” e ajudar a mediar o conflito, saudando que “finalmente tenha assumido uma posição correta sobre os refugiados”, que tem de ser alargada a todos.
“Um refugiado é um refugiado, venha de onde vier, e merece ser acolhido com a dignidade que exigimos para qualquer pessoa. Aqui está a esquerda da solidariedade com a gente que dela precisa”, corroborou a coordenadora do BE, Catarina Martins, que fechou esta sessão pública, que decorreu numa escola em Lisboa.
Na sua intervenção, a líder do Bloco voltou a sublinhar a posição do partido neste conflito.
“O Bloco condenou esta guerra com a mesma convicção com que condenou todas as guerras do nosso século – do Iraque à Síria, passando pela ex-Jugoslávia. Fazemo-lo porque sabemos que não há contexto histórico que justifique a agressão de um povo, que não há disputa territorial que justifique o bombardeamento de uma maternidade ou de uma escola, com a certeza de que não há dificuldade militar que justifique a guerra contra civis. Esta esquerda levanta-se contra a guerra, sim, e em todos os momentos”, disse.
Catarina Martins, tal como Luís Fazenda, enalteceu o papel de todos os russos que se opõem ao regime do presidente Vladimir Putin e, na questão do armamento, acusou as elites europeias de “cinismo e irresponsabilidade”.
“Ouvimos nos últimos 24 dias palavras de justa condenação dos chefes de governo francês e alemão, italiano e austríaco, búlgaro, checo, croata, finlandês, eslovaco e do espanhol a condenarem muito justamente a guerra, mas todos lideram países que, nos últimos anos, venderam armas à Rússia”, criticou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 847 mortos e 1.399 feridos entre a população civil, incluindo mais de 140 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.