O líder da milícia xiita libanesa Hezbollah negou, na sexta-feira, ter enviado combatentes para se juntarem às forças russas na Ucrânia, que indicou existirem cerca de mil paramilitares da organização fundamentalista no país.
"Nego totalmente esta informação", disse Hassan Nasrallah, assegurando que "nenhum simpatizante, soldado ou perito do Hezbollah" tinha partido para lutar ao lado das forças russas, de acordo com o diário 'L'Orient le Jour'.
O Estado-Maior General das Forças Armadas Ucranianas afirmou que a Rússia "continua a tomar medidas para compensar a perda de pessoal à custa de estrangeiros", com relatórios a apontar que "os ocupantes russos já recrutaram cerca de mil voluntários do chamado exército de [o Presidente da Síria] Bashar al-Assad e do Hezbollah".
De acordo com o portal de notícias libanês Naharnet, a organização não governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede em Londres, indicou esta semana que a Rússia tinha elaborado listas de 40 mil combatentes do exército sírio e milícias aliadas para serem colocadas em alerta para destacamento na Ucrânia.
Anteriormente, o Kremlin disse que os voluntários, incluindo da Síria, eram bem-vindos para lutar ao lado da Rússia.
No início da invasão russa da Ucrânia, Nasrallah disse que "aqueles que confiam nos Estados Unidos" deviam aprender "uma lição" com o conflito desencadeado na Ucrânia.
"Washington fez todos os possíveis para forçar o cenário atual", afirmou o líder do Hezbollah, num discurso televisivo em que salientou que "os Estados Unidos são responsáveis pelo que está a acontecer na Ucrânia e têm insistido nesta direção".
O mundo "permaneceu em silêncio perante as violações dos EUA", acrescentou, criticando os "dois pesos e duas medidas" do Ocidente na atual crise, em comparação com a posição durante "as guerras da América".
"Como reagiu a comunidade internacional às guerras no Iraque, no Afeganistão, na Palestina, na Síria e no Iémen?", questionou.
O líder do Hezbollah advertiu ainda que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia "é perigosa e todas as opções estão em aberto".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.