“É bom haver discussão, não queremos um sínodo cosmético, mas a doutrina não vai mudar. O que poderá haver é maior criatividade pastoral.” Dito assim por alguns bispos que na segunda-feira participaram na habitual conferência de imprensa, até parece que é tudo pacífico, mas, nos média e nos blogues religiosos, a tensão sobre o sínodo é grande.
A agência SIR, da conferência episcopal italiana, por exemplo, destaca na sua primeira página uma entrevista com o cardeal Kasper, autor da polémica que divide o sínodo e os próprios bispos italianos sobre a questão dos divorciados. No final da entrevista, Kasper faz votos para “que todos estejam com o Papa nesta questão”.
Também na segunda-feira, saiu um texto do Papa Francisco, reproduzido no “Corriere della Sera”, de homenagem ao falecido cardeal Martini, nome incontornável na Igreja do pós-Concílio.
Este cardeal jesuíta, antigo arcebispo de Milão, conhecido crítico das opções pastorais de João Paulo II e Bento XVI, foi “papabile” em vários conclaves e de grande referência para muitos bispos e cardeais da geração do agora Papa, Jorge Bergoglio.
No texto agora divulgado, Francisco elogia a visão que o seu colega jesuíta tinha sobre sinodalidade – um tema sobre o qual o Papa já tinha falado no passado sábado de forma inovadora, pedindo maior colegialidade e uma conversão do papado.
Dois dias depois, Francisco volta à carga: “Sem medo das tensões e contestações inerentes a todo o processo de mudança”, diz agora que o cardeal Martini procurou a vontade de Deus e criou espaços “para ouvir o Espírito Santo e agir em profundidade. É isto que estamos a experimentar agora nos sínodos sobre a família”, escreve o Papa.