O antigo diretor da Polícia Judiciária (PJ) Fernando Negrão considera que a falta de resolução do Governo ao problema das reivindicações das forças de segurança "é inexplicável", defendendo uma "decisão adequada" que faça com que esta contestação termine rapidamente.
Não há sinais de resolução das reivindicações dos policias e miliares da GNR, da atribuição de um suplemento de missão e condição policial e o ex-diretor da PJ e antigo ministro da Justiça e deputado diz à Renascença que não percebe "esta incógnita" nem o que leva o Governo a manter as coisas assim.
Terá a extinção do SEF, onde havia inspetores com salários superiores a alguns inspetores da Polícia Judiciária, impulsionado este aumento salarial na PJ? Negrão chegou a pensar que sim, mas entende que esse raciocínio deixou de fazer sentido "no momento em que soubemos que os aumentos foram alargados aos serviços de informação".
O ex-diretor da PJ diz que se desconhece "por completo" a posição do PS sobre as reivindicações das forças de segurança, o que torna difícil estabelecer um pacto com o PSD.
Os policias continuam em protesto, havendo uma vigília e uma concentração anunciadas para 15 e 19 de fevereiro. Fernando Negrão considera que todas as ações de protesto "têm um limite" e acredita que, no caso da PSP e da GNR, não haverá uma ultrapassagem do mesmo.
"São democratas, sabem o que é um Estado de Direito, mas é preciso cuidado com as palavras. O que está em causa é a segurança das pessoas e os seus bens e quem exerce essa segurança são os agentes da PSP e os militares da GNR", aponta.
Negrão avisa que "as estruturas inorgânicas" vão aproveitar-se do descontentamento, apesar de antever que não deixarão de ter uma adesão minoritária.