Os alunos e as famílias estão a aproveitar as aulas do ensino básico transmitidas diariamente na RTP Memória, confirmaram esta sexta-feira associações de pais, que consideram que a iniciativa deve manter-se após a reabertura das escolas.
No final da primeira semana de aulas na televisão, tanto o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) como o presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) têm recebido reações positivas das famílias.
“Do ‘feedback’ que temos, na generalidade as pessoas estão a gostar e estão a absorver de forma positiva aquilo que está a ser transmitido”, disse à Lusa o presidente da Confap, Jorge Ascenção, contando que até lhe têm chegado histórias de pais que também aproveitam as emissões para recordar algumas matérias e aprender pela primeira vez outras.
O presidente da CNIPE é um desses pais. Em declarações à Lusa, Rui Martins admitiu que até adaptou a sua rotina para poder assistir a algumas das emissões.
As aulas do programa #EstudoEmCasa, um conjunto suplementar de recursos educativos, criado pelo Ministério da Educação, começaram a ser transmitidas na RTP Memória na segunda-feira e até ao final do terceiro período vão ocupar parte da programação diária do canal.
Na opinião de Jorge Ascenção, a iniciativa é muito positiva e seria uma mais valia para muitos alunos se se mantivesse mesmo depois da reabertura das escolas e do regresso das aulas presenciais, no próximo ano letivo.
“Eu espero que as televisões, e nomeadamente a RTP, mantenham isto”, disse, acrescentando que “a forma como está construído servirá muitas vezes de incentivo e de motivação, até para alguns adultos que em algumas matérias não estudaram até ao 9.º ano”.
Rui Martins concorda, mas alerta que estas aulas não podem substituir o trabalho e o contacto entre professores e alunos, sobretudo presencial.
No mesmo sentido, Jorge Ascenção reforça que o #EstudoEmCasa “não se esgota em si mesmo”, defendendo que mesmo durante esta fase, em que o ensino se faz à distância, é essencial que os professores mantenham o contacto com os alunos
“É preciso perceber qual é o plano que o professor deve enviar, de preferência, semanalmente para os alunos e depois é preciso haver uma aproximação para perceber se os alunos estão a acompanhar aquilo que está a passar na televisão porque se isto não for feito não há ‘feedback’ e sem ‘feedback’ não há aprendizagem”, explicou.
O presidente da Confap elogiou ainda os professores que durante este terceiro período fizeram dos estúdios da RTP como uma das suas salas de aula, considerando que a forma como muitos deles conduzem as lições em frente às câmaras poderá inspirar outros docentes que estejam a assistir em casa.
Por outro lado, Rui Martins, da CNIPE, reforça que, apesar de a iniciativa ser positiva e de estar a ser bem recebida pelos alunos e pelas famílias, existem dificuldades que ainda devem ser suplantadas.
“Houve alguns problemas que já denunciamos ao Ministério da Educação, que tinham a ver com a questão das imagens para os alunos cegos, mas esperamos que sejam resolvidos em breve”, admitiu o presidente da confederação.
Os alunos do ensino obrigatório, do 1.º ao 12.º ano, estão em casa desde 16 de março, depois de o Governo ter decidido suspender todas as atividades letivas presenciais para conter a propagação do novo coronavírus, e, até ao final deste ano letivo, só os alunos do 11.º e 12.º anos deverão regressar as escolas, com aulas de preparação para os exames de acesso ao ensino superior.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".