A 41.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica do Porto (FITEI) arranca esta terça-feira, dia 12, e vai estender-se até 22 de junho em vários palcos do Porto, Matosinhos, Viana do Castelo e Felgueiras, subordinado à temática do Poder.
"Empoderamentos" é o termo escolhido como marca desta edição, uma opção que o diretor artístico do festival, Gonçalo Amorim, justifica com a intenção de "criar um debate, uma reflexão sobre o poder e não condicionar os artistas".
A programação dá particular enfoque a quem "normalmente não tem poder", seja "a mulher, as minorias étnicas, o pobre, o habitante do sul da Europa, o habitante do sul do mundo ou o indígena". Nesta lógica, o cartaz prevê a estreia de quatro mulheres encenadoras/criadoras: Sara Barros Leitão, Ana Luena, Raquel S. e Diana de Sousa.
Na edição deste ano, Gaia, Matosinhos e Viana integram a rota do FITEI pela primeira vez, reforçando a dimensão geográfica do festival e criando uma "frente atlântica", como afirmou, na apresentação desta quinta-feira, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
O FITEI leva a palco mais de 20 espetáculos dedicados ao teatro e outras performances artísticas, com a presença de companhias de teatro do Brasil, México, Barcelona, Chile e Argentina, além das nacionais.
Entre os portugueses, referência para a nova obra de Victor Hugo Marques," Margem" e para Marco Martins, com a obra "Provisional Figures: Great Yarmouth", para além da já citada estreia de quatro mulheres como encenadoras.
Condicionamentos financeiros
De acordo com o o diretor artístico do FITEI, os atrasos do financiamento público forçaram uma alteração na agenda inicialmente prevista, obrigando a apresentação de duas peças internacionais, da chilena Paula Aros Gho e do encenador argentino Federico León, em Setembro e Outubro, respectivamente.
A Direção Geral das Artes (DGA) concedeu uma verba de 203 mil euros para a realização do FITEI, mas Gonçalo Amorim revela que a entidade ainda não efectuou qualquer pagamento. Este apoio, contudo, "permite ao FITEI estar desafogado com o seu futuro".
A falta de financiamento pela DGA tem gerado instabilidade e polémica em algumas companhias, nomeadamente, a Seiva Trupe, que se viu obrigada a cancelar um espectáculo pela exclusão da candidatura ao programa da DGA.
Na conferência de Imprensa desta quinta-feira, Rui Moreira garantiu que a câmara vai reunir com o Teatro Experimental do Porto (TEP) e o com Festival Internacional das Marionetas do Porto (FIMP) para arranjar uma solução de financiamento. "Nós não vamos esperar pela direção geral das Artes, vamos ceder um apoio de emergência no mesmo valor que DGA financiava estas duas estruturas", avançou Moreira
"Os problemas podiam ser resolvidos se existisse uma empresa da cultura na cidade do Porto, como acontece em Lisboa e Braga", rematou.