​Centeno defende que não há sustentabilidade “sem esforço”
01-09-2022 - 19:30
 • Sandra Afonso

"Há sempre vencedores e perdedores, temos que acertar mecanismos de compensação, estamos num plano global", defendeu o governador do Banco de Portugal, nas Conferências do Estoril.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defende que não há sustentabilidade “sem esforço”.

Numa intervenção nas Conferências do Estoril, que decorrem até sexta-feira na Nova SBE, Mário Centeno afirmou que a sustentabilidade passa pelo compromisso e pela cooperação, o mesmo objetivo e um esforço comum, para que ninguém fique para trás.

“Compromisso porque temos um plano e temos que o seguir e temos que o entregar e mostrar a todos que o estamos a fazer, esta é a única forma de atingir a cooperação e evitar a frustração. Cooperação porque isto tem de ser inclusivo, há sempre vencedores e perdedores, temos que acertar mecanismos de compensação, estamos num plano global. Por isso falamos de compromisso e cooperação.”

Mário Centeno, durante um dos debates no primeiro de dois dias das Conferências do Estoril, defendeu ainda que “não devemos desistir agora desta luta” e pediu “paciência”, porque a sustentabilidade chega com um preço.

"Sustentabilidade não será entregue na nossa casa sem esforço", frisou.

O governador do Banco de Portugal, num painel onde esteve também Luisa Gómez, do BBVA, explicou como pode a banca promover a sustentabilidade.

“Primeiro, através da mobilização de capital. As instituições financeiras e os diferentes bancos já provaram que conseguem canalizar fundos do sector privado para os projetos que precisam, também podem promover o investimento privado. A segunda forma é através do desenvolvimento de soluções compreensíveis para os clientes, desde produtos a conselhos, ferramentas, a educação e conhecimento. Por fim, os bancos podem gerir o portfólio de emissões indiretas, canalizando os empréstimos para indústrias menos poluentes”, declarou.

À margem das Conferências do Estoril, Mário Centeno disse aos jornalistas que não se devem implementar medidas pró-cíclicas para responder ao impacto da inflação, pedindo contenção nos apoios sob o argumento de que a inflação vai descer.