Portugal continua a consumir em excesso os recursos naturais, sendo necessários 2,88 planetas para fazer face às necessidades dos portugueses- representa um aumento face ao relatório publicado em 2020 (2,52 planetas).
O documento intitulado "Relatório Planeta Vivo (RPV) 2022" da organização não-governamental World Wide Fund for Nature (WWF) revela ainda que Portugal tem uma relevante quota-parte de responsabilidade no declínio global das populações de tubarões e raias.
A abundância destas espécies diminuiu 71% ao longo dos últimos 50 anos, sendo Portugal o 2.º país a nível mundial com maiores exportações conhecidas de carne de tubarão e o 6.º maior importador de carne de raia em termos de volume. “Implementar medidas para a proteção dos tubarões e raias em Portugal teria, assim, o poder de impactar toda a rede comercial global no caminho de proteção destas espécies, o que justifica a criação de um Plano de Ação Nacional para a Gestão e Conservação dos Tubarões e Raias", lê-se no texto.
As populações de animais selvagens caíram quase 70% nos últimos 50 anos, segundo o relatório que que monitorizou mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes. Impulsionado pela degradação do habitat, mudanças climáticas e doenças, o número chega aos 94% em regiões da América Latina e das Caraíbas.
A WWF alerta para o estado grave da natureza e aponta para a urgência de implementar ações transformadoras por parte de governos, empresas e cidadãos, de modo a reverter a destruição da biodiversidade.
Apresentando o maior conjunto de dados trabalhados até aos dias de hoje, com quase 32.000 populações de 5.230 espécies em monitorização, o Índice Planeta Vivo (IPV), fornecido no relatório da Zoological Society of London (ZSL), mostra que é nas regiões tropicais que as populações de vertebrados monitorizados estão a cair a um ritmo alucinante.
A organização não-governamental de ambiente afirma-se, por isso, "extremamente preocupada com essa tendência, uma vez que várias dessas áreas geográficas são das mais biodiversas do mundo". Em particular, os dados do IPV revelam que, entre 1970 e 2018, as populações de animais selvagens monitoradas na região da América Latina e do Caraíbas caíram, em média, 94%.
Em menos de uma vida humana, as populações de água doce monitoradas caíram em média 83%, o maior declínio de qualquer grupo de espécies. A perda de habitat e as barreiras às rotas de migração (nomeadamente barragens e outras barreiras fluviais) são responsáveis por cerca de metade das ameaças às espécies de peixes migratórios monitorizados.