O economista João César das Neves acredita que o aumento do bónus do AUTOvoucher “são medidas que não vão ter um impacto muito grande, porque o preço do petróleo é o preço do petróleo”.
Esta sexta-feira, o ministro das Finanças, João Leão, disse que no mês de março o valor da devolução no AUTOvoucher passa dos atuais cinco euros para um máximo de 20 euros.
Esta é a resposta do Governo à subida galopante do preço dos combustíveis anunciado para o início da próxima semana em consequência do início da guerra na Ucrânia.
Para conseguir o bónus máximo dado pelo Governo, o consumidor terá de abastecer o carro com 200 litros num mês. Não foram anunciadas medidas que visem a redução dos atuais impostos, IVA e ISP, sobre os combustíveis.
“É uma maneira de amaciar um bocadinho, mostrar algum serviço” cataloga César das Neves.
O mesmo economista diz ainda que agora espera para ver “se não há manifestações do grupo do costume que o Governo normalmente cede, e vamos ter apoio para os que vão fazer barulho suficiente”.
O economista crê que “vamos ter um problema orçamental a prazo”.
“O orçamento está congelado, estamos em duodécimos, vamos ver o que vai acontecer quando o novo governo começar e o novo orçamento for apresentado”, antecipa.
O mesmo especialista defende que apesar de ser possível baixar os impostos sobre os combustíveis, o cenário não é credível.
“Não acredito que o Governo corte o imposto em 14 cêntimos, porque é uma das fontes de receita importantes do orçamento”, remata o economista João César das Neves.
Se até agora, no âmbito do programa AUTOvoucher, os condutores beneficiavam de um desconto de 10 cêntimos por litro de combustível até um máximo de 50 litros mensais, num máximo de cinco euros, agora a redução do preço aplica-se na compra de até 200 litros de gasóleo ou gasolina, num valor total de 20 euros.
O ministro das Finanças salientou que o AUTOvoucher tem quase de 1,6 milhões de beneficiários tendo, até ao momento, reembolsado 26 milhões de euros.
Na conferência de imprensa conjunta os ministros das Finanças, João Leão, e do Ambiente e Ação Climática, Matos Fernandes, esta sexta-feria, foi ainda anunciado que serão prolongadas duas medidas: a devolução do ganho extraordinário de IVA com o ISP, que expirava em abril, irá vigorar até final de junho e a taxa de carbono também permanecerá inalterada até o final do semestre.
O governante diz que o esforço orçamental é de 40 milhões de euros, só nesta medida relacionada com o bónus dado no abastecimento dos carros. No total, até junho o peso para as contas públicas é de 142 milhões de euros (87 milhões referem-se à não atualização da taxa de carbono e 15 milhões ao prolongamento da devolução do ganho extraordinário de IVA com o ISP).