O cabeça-de-lista do PSD ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel, considerou os 21,94% de votos obtidos pelos sociais-democratas nas últimas europeias (o pior resultado de sempre do partido em eleições) uma “prestação negativa”.
No programa Casa Comum da Renascença, Rangel garante, no entanto, que tal prestação não vai, nem pode, levar à saída de Rui Rio da presidência do partido. “É uma prestação negativa, sim. Mas daí a questionar a liderança vai uma distância muito grande”, defende. E justifica: “Porque se manteve, apesar de tudo, a representação [seis eurodeputados] que existia antes. E porque há um mandato da liderança para um ciclo político que envolve as eleições europeias e as legislativas daqui a quatro meses”.
Sobre as legislativas que se avizinham, nem de propósito, e mesmo que uma sondagem (publicada no último domingo) da RTP/Católica dissesse que, se as eleições fossem agora, o PS ganharia com 39% dos votos, Paulo Rangel acredita que o PSD vai alcançar em outubro um resultado positivo. Mas para isso terá que conquistar eleitorado ao centro.
“Sempre defendi isso e devo dizer que o presidente do partido não pode ser mais claro, porque sempre orientou isto para o centro. Se quer realmente ter um resultado positivo, o PSD tem que ganhar o centro – sem perder o centro-direita e até alguma direita moderada. Sempre que o PSD foi ganhador e teve resultados substanciais, foi dominando esse espectro partidário”, explica.
Um dos problemas que, na opinião de Rangel, levou ao fraco resultado nas europeias foi a crise dos professores. O cabeça-de-lista social-democrata ao Parlamento Europeu admite que o PSD demorou a reagir. “Professores? Desde o início o PSD tinha uma doutrina à qual foi fiel nessa matéria. Ainda antes tinha tido oportunidade de a tornar muito vincada e clara na própria noite em que houve a votação em comissão ou na manhã seguinte, ainda antes daquela ameaça de demissão de António Costa. Devia tê-lo feito [reagido mais cedo], do meu ponto de vista. É o exemplo de algo que teria não sanado, mas limitado os danos."
Agora, perdidas as eleições, há que apresentar rapidamente o programa para as seguintes. “Para as legislativas, o partido vai ter de apresentar um conjunto de propostas o mais cedo possível. Terá que ter uma mensagem muito positiva e mostrar uma diferença muito clara para o Partido Socialista. É fundamental que não se confunda a disponibilidade de consensos quanto a reformas estruturais com a diferença de orientação política”, propõe Rangel.
Outra proposta que Paulo Rangel deixa para ganhar eleitorado passará, contudo, não pelo programa eleitoral em si, mas pela divulgação deste nas redes socais. “Os partidos, em especial os mais tradicionais, têm um défice de atenção em relação às redes sociais e à comunicação nas novas redes. Disse isso milhares de vezes no meu partido, muito antes da campanha começar.”
Por fim, Rangel atacou duramente Pedro Santa Lopes, isto numa reação às criticas do líder no Aliança no Twitter na última terça-feira, dizendo, Santana, que em 2015 Passos Coelho, “que levou com um golpe de Estado”, se demitiu quando teve 28,7% dos votos, e agora que Rio tem 21,9% , “ninguém pediu a demissão”. “Acho estranho que um líder de outro partido faça considerações [sobre outro líder], especialmente quando Pedro Santana Lopes abandonou o PSD. Não está no PSD porque não quis estar. Se estivesse, falaria quando entenderia. Não está proibido de dizer o que lhe apetecer, mas parece-me deselegante que ele faça isso, para além de não ser pertinente”, lembrou Paulo Rangel.