Os sindicatos dos camionistas de matérias perigosas e de mercadorias não chegaram a acordo com a ANTRAM e entregaram um pré-aviso de greve, com início em 12 de agosto.
O pré-aviso foi apresentado no dia em que motoristas, empresas do setor e Governo estiveram reunidos para tentar alcançar um acordo sobre as remunerações dos camionistas.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Pedro Pardal Henriques, do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), disse que a greve é por tempo indeterminado e acusou a ANTRAM “dar o dito por não dito”.
“Apresentámos proposta conjunta, com base naquilo que a ANTRAM já tinha aceite, depois foi dito ao sindicato que não tinham aceite nada, esconderam um documento do sindicato independente dos motoristas para tentar enganar e dividir para reinar”, acusa Pardal Henriques.
De acordo com o sindicalista, a ANTRAM aceita um aumento de 300 euros para 2020, mas não se compromete com novas atualizações nos anos seguintes.
Para não haver greve a 12 de agosto, "a ANTRAM tem de cumprir com aquilo que se comprometeu connosco, e não foi de palavra, há um documento assinado", garante.
"Houve zero propostas da ANTRAM na reunião de hoje. A única coisa que a ANTRAM disse foi: 'nós aceitamos o que está acordado para 2020, não aceitamos o documento que assinámos convosco para 2021 e 2022'", declarou Pardal Henriques.
A próxima paralisação com data de início a 12 de agosto vai contar com o apoio dos motoristas espanhóis, sublinhou. "Assim as empresas deixam de conseguir furar a greve".
Não há novas reuniões marcadas. O SNMMP está disposto a prosseguir o diálogo, mas a ANTRAM disse não negoceia com quem apresentou um pré-aviso de greve, afirma Pardal Henriques.
O líder dos camionistas de matérias perigosas também deixou críticas ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que disse que ia fazer tudo para defender os portugueses.
"O sr. ministro teve algumas palavras infelizes, que só compreendo porque estamos em ano eleitoral e não consegiuu pensar no que estava a dizer. Se quis passar um atestado de terroristas a estas pessoas, quero lembrar que os motoristas têm esposas, pais e mães e também têm de ser protegidos, afirmou Pardal Henriques.
À entrada para a reunião, o representante da ANTRAM disse que está disponível para ouvir as propostas dos sindicatos e chegar a acordo para um aumento salarial de 300 euros para o próximo ano.
“Estamos hoje aqui com total disponibilidade para ouvir aquilo que vai ser a postura dos sindicatos, disponíveis para chegar a um entendimento dentro daquilo que é um aumento de 300 euros para o próximo ano para estes motoristas e no fundo perceber qual é o incumprimento que a ANTRAM efetivamente criou, na justa medida em que só hoje é que podemos apresentar as nossas contrapropostas”, disse André Matias de Almeida.
Também à entrada para a reunião, José Oliveira, da FECTRANS, afirmou esperar que a ANTRAM responda às propostas apresentadas pelo sindicato e que, no final da reunião, tomará as posições que achar necessárias “para responder as reivindicações dos trabalhadores e à melhoria geral dos salários neste setor”.
Se as negociações falharem, os motoristas ameaçam voltar a paralisar o país, como fizeram durante a greve de três dias, realizada em abril.
Segundo fonte sindical, existem em Portugal cerca de 50 mil motoristas de veículos pesados de mercadorias, 900 dos quais a transportar mercadorias perigosas.
[notícia atualizada às 20h35]