A falta de precipitação em janeiro tem agravado a seca meteorológica, principalmente no Sul do país, embora a situação não seja tão preocupante como a ocorrida no ano passado, revelou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“Em relação ao ano passado, obviamente, que não estamos tão mal, porque também não tivemos uma sequência de meses anteriores com ausência de precipitação. Agora, em dezembro e em janeiro é que houve valores de precipitação abaixo do que é normal. Dezembro já foi bastante abaixo, sobretudo nas regiões do Sul, onde houve muito pouca precipitação, e agora em janeiro agravou-se essa situação”, disse a meteorologista do IPMA Vânia Lopes.
Vânia Lopes explicou que atualmente Portugal enfrenta um valor que é apenas de 20% em relação ao que é normal para janeiro, mês em que se verificaram só “quatro dias com valores de precipitação e apenas nas regiões do Norte e Centro, o que também está muito abaixo do que é normal” para esta altura.
“Temos uma situação de fraca precipitação neste mês que poderá levar a um agravamento da situação de seca que se fazia sentir. A ‘seca fraca’ do final de dezembro poderá ter um agravamento. O final deste mês poderá ficar com uma situação entre a ‘seca fraca’ e a ‘seca moderada’”, disse, salientando que a situação poderá alterar-se com a precipitação prevista para o final do mês, sobretudo para terça e quarta-feira.
A meteorologista realçou que esta é uma “seca meteorológica”, associada à ausência de precipitação, que se distingue da “seca hídrica”, originada pela falta de água nas barragens e sistemas de retenção.
“Estamos em meses em que é preciso que ocorra mesmo essa precipitação. Quando temos meses de dezembro e janeiro em que não ocorre precipitação - e com as temperaturas em dezembro a terem valores elevados para a época - tudo isso tem contribuído numa secagem maior do solo, e isso reflete-se logo sobretudo na agricultura, que é o setor logo com o primeiro impacto”, acrescentou.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) mostrou-se este mês “apreensiva” devido à falta de chuva, defendendo a criação, por parte do Governo, de um grupo de trabalho permanente que estude os fenómenos das alterações climáticas.
Também a Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre se mostrou “apreensiva" devido à falta de chuva na região, considerando que a situação poderá comprometer o desenvolvimento das pastagens e das culturas instaladas de outono/inverno.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, garantiu que estão a ser tomadas as "medidas necessárias para combater a seca" que possa vir a assolar o país.
De acordo com o ministro do Ambiente e da Transição Energética, está a ser feito “um vastíssimo investimento”, partilhado pela Empresas de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva e a Águas de Portugal, no sentido de, “no sul do país, se construir um conjunto de ligações entre albufeiras”.
De acordo com índice meteorológico de seca (PDSI) disponível no ‘site’ do IPMA, 53,3% do território estava na classe de seca fraca em 31 de dezembro, 13,7% na classe normal e 33% na classe de chuva fraca.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
Segundo o Boletim Climatológico do IPMA, o mês de dezembro em Portugal Continental classificou-se como quente em relação à temperatura do ar, com a temperatura máxima a alcançar o terceiro valor mais alto em 87 anos, e muito seco em relação à precipitação.
O próximo PDSI, relativo a janeiro, deve ser conhecido na primeira semana de fevereiro.