O país transita para agosto, mês tradicional de férias, com a economia melhor que o esperado. O PIB cresce acima das previsões, o desemprego e a inflação descem, as contas públicas surgem controladas, o rácio da dívida pública cai e Portugal paga juros mais baixos que outros países periféricos da zona euro.
Mas os críticos da governação também têm argumentos: no PIB per capita – indicador referência da prosperidade – Portugal não sai do fundo da tabela europeia. No emprego cai o número de trabalhadores com ensino superior, indício de emigração qualificada (desde 2006, saíram de Portugal, a cada ano, 20 mil jovens licenciados, 40% do total de novos licenciados). A carga fiscal está em máximos históricos.
As famílias são atingidas pelas prestações do crédito à habitação em crescente agravamento mensal – a Euribor só chega ao pico em dezembro – os salários são dos mais baixos da Europa. Também o valor das pensões e reformas, apesar de aumentos pontuais, continua baixo.
Em 2020 com a pandemia, Portugal sofreu um corte assinalável na produção de riqueza. Perderam-se 16 mil milhões de euros em produto interno e três anos depois, a recuperação e o PRR estão aí, mas as leituras continuam a discrepar, à volta do clássico ‘copo meio cheio, copo meio vazio’.
Neste espaço de balanço, o último da temporada antes de férias, fica a reflexão de como reforçar o crescimento da economia portuguesa. Onde construir? O que construir? Como fazer? Como e onde apostar? Como pode o país ser mais produtivo? Mesmo havendo um plano, ou porque já há um plano (o PRR) não podem faltar as sugestões sobre como o país pode desbloquear o seu potencial produtivo e de desenvolvimento.
Os contributos são de Manuel Carvalho da Silva, sociólogo, professor da Universidade de Coimbra, João Loureiro, professor de Economia da Universidade do Porto e Nuno Botelho, líder da ACP - Câmara de Comércio e Indústria do Porto.