A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) volta a alertar o Governo sobre a amplitude das medidas para ajudar a compensar a subida dos preços da energia.
Segundo o Jornal Eco, que cita a OCDE, quaisquer medidas adicionais para mitigar a subida dos preços da energia devem continuar a ser temporárias, tornarem-se cada vez mais direcionadas às famílias e empresas mais vulneráveis e manter os incentivos para a redução do consumo de energia.
Portugal tem optado por contemplar também a classe média nas medidas adotadas, com destaque para o cheque de 125 euros atribuído aos cidadãos com rendimentos até 2.700 euros brutos por mês.
Apesar das medidas implementadas, cujo custo ascende a 1,6% do PIB este ano, os elevados preços da energia e das matérias-primas estão a aumentar os custos das famílias e das empresas.
O Governo prolongou até 2023 algumas medidas relacionadas com a energia, tais como a redução de impostos sobre os combustíveis e a eletricidade ou até os preços dos transportes públicos.
A OCDE é mais pessimista do que o Executivo e prevê uma inflação de 8,3% este ano e de 6,6% no próximo. Na proposta de Orçamento do Estado o Governo aponta para uma taxa de inflação de 7,4% em 2022, baixando para 4% no próximo ano.
A aceleração da taxa de inflação não se deve apenas aos preços da energia e alimentação, estimando a organização que a inflação subjacente seja de 5,1% este ano e de 4,9% no próximo.
A OCDE deixa ainda o alerta para os riscos decorrentes do aumento das taxas de juro, que visam travar o aumento dos preços, tendo em conta que em Portugal, quase 70% dos créditos à habitação são de taxa variável e, como tal, vão “subir rapidamente”, o que vai travar ainda mais o consumo das famílias e o investimento, justificando em baixa as previsões de crescimento em 2023 para 1%.