O governo português está atento ao desenrolar dos acontecimentos na Venezuela, país que acolhe de 500 mil emigrantes portugueses e luso-descendentes.
No dia em que as ruas de Caracas recebem manifestantes a favor e contra o presidente Nicolas Maduro, o secretário de Estado das Comunidades admite, em declarações a Renascença, que "nenhum cenário é excluído no apoio aos emigrantes portugueses", caso o ambiente político e social venha a degradar-se significativamente nos próximos tempos.
José Luís Carneiro não esclarece, contudo, se a hipótese de repatriamento dos emigrantes portugueses está "em cima da mesa". O governante sublinha, contudo, que "o Estado português tem mecanismos apropriados, quer autonomamente quer em cooperação com a União Europeia".
Na mesma linha, o ministro dos Negócios Estrangeiro, Augusto Santos Silva, garante que o Governo português tem um plano de contingência.
"À luz da lei portuguesa, dispomos sempre de planos de contingência, também procurando responder a eventuais problemas que ocorram, e esses planos de contingência existem em relação a todas as regiões onde se localizam comunidades portuguesas", referiu em conferência de imprensa conjunta em Lisboa com o chefe da diplomacia de Havana, Bruno Rodríguez Parrilla.
"O que vale para o todo vale para cada uma das suas partes, e portanto nós temos um plano de contingência em relação a eventuais problemas com a situação dos portugueses na Venezuela, como temos planos de contingência em relação a eventuais problemas com portugueses na República Democrática do Congo ou em outros espaços", assinalou, mas escusando-se a divulgar a natureza.
O chefe da diplomacia portuguesa recordou ainda, numa referência específica à situação política e social na Venezuela, que "Portugal tem cerca de cinco milhões de naturais de Portugal ou com nacionalidade portuguesa vivendo no estrangeiro, e em relação a todos eles temos obrigações constitucionais de proteção consular e de proteção em circunstâncias de insegurança ou de outros incidentes que possam pôr em perigo o sue bem-estar ou as suas próprias condições de existência".
José Luis Carneiro lembra, por outro lado, que "tem sido possível manter canais de comunicação, não apenas com a nossa comunidade como também com as autoridades venezuelanas". Para o secretário de Estado das Comunidades, há que "evitar precipitações e acompanhar, como é nosso dever, o desenrolar dos acontecimentos e estar preparados para circunstâncias que possam ser de maior gravidade".
Desde o início de Abril, uma onda de manifestações na Venezuela foi marcada por violentos confrontos com a polícia que fizeram, pelo menos, seis mortos e centenas de feridos.