A polícia da Nicarágua entrou esta sexta-feira no paço episcopal de Matagalpa e deteve o bispo D. Rolando José Álvarez, seis padres e seis leigos, avança a imprensa local.
D. Rolando José Álvarez encontrava-se retido em prisão domiciliária desde 4 de agosto.
O arcebispo metropolitano do Panamá, José Domningo Ulloa Mendieta, já manifestou solidariedade com D. Rolando e apelou à libertação do religioso.
"Os atos aberrantes que rodeiam esta detenção são motivo de alarme e de dor em toda a Igreja latino-americana", afirmou em comunicado o arcebispo metropolitano do Panamá.
A prisão do bispo de Matagalpa é mais um episódio no agravamento das relações entre o Governo da Nicarágua e a Igreja Católica.
No início do mês, o Governo da Nicarágua tinha ordenado o fecho de estações de rádio católicas ligadas ao bispo que tem criticado o Presidente do país, Daniel Ortega, e que já realizou uma greve de fome em protesto contra o assédio das autoridades.
Além da perseguição a D. Rolando José Álvarez, as autoridades da Nicarágua expulsaram do país nos últimos meses as Missionárias da Caridade, congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá, e o Núncio Apostólico, D. Waldemar Stanislaw Sommertag.
As relações entre a Igreja Católica e o Governo Ortega deterioraram-se desde 2018, altura em que se verificaram protestos contínuos contra o Presidente Daniel Ortega e uma repressão subsequente por parte do Governo.
Ortega, por exemplo, classificou de "terroristas" os bispos nicaraguenses que atuaram como mediadores de um diálogo nacional que buscava uma solução pacífica para a crise que o país vive desde abril de 2018.
Além disso, os descreveu os bispos como “golpistas”, tendo-os acusado de serem cúmplices de forças internas e grupos internacionais que, em sua opinião, atuam na Nicarágua para o derrubar.
A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, que se acentuou após as polémicas eleições gerais de 7 de novembro do ano passado, nas quais Ortega foi reeleito para um quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo com a esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente, com seus principais opositores na prisão.