O Exército russo está a utilizar artilharia pesada, tanques e bombardeamentos aéreos para atacar o complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, o único reduto da resistência ucraniana naquela cidade no sul do país.
"Mariupol. Azovstal. Neste momento... Azovstal está a ser atacada não apenas pelo céu, mas também com artilharia e tanques. Estão a ser feitas tentativas de um assalto a partir de fora. Azovstal está a pegar fogo novamente após o bombardeamento", escreveu Petro Andriushchenko, assessor do autarca de Mariupol, na rede social Telegram.
O assessor municipal lembrou que o líder da autoproclamada "República Popular de Donetsk", Denis Pushilin, disse que "tinha caminho livre [na siderurgia] já que não havia mais civis em Azovstal".
Nas gigantescas instalações deste complexo industrial, um grupo de soldados ucranianos pertencentes ao regimento Azov, fação ultranacionalista integrada nas tropas ucranianas, resiste aos combates com o Exército russo.
"Não se pode esperar uma maior desumanidade depois destes ataques, mas, dada a declaração [de Pushilin], ainda é possível... Se existe um inferno na terra, ele existe. Estamos todos profundamente gratos aos defensores de Mariupol", afirmou o assessor municipal.
A mensagem foi acompanhada de um vídeo dos supostos ataques contra o complexo siderúrgico, cuja veracidade não pôde ser comprovada por fontes independentes.
Denis Pushilin afirmou hoje que não restam civis na Azovstal, apesar das declarações em contrário das autoridades de Mariupol, que calculam que ainda há uma centena de pessoas retidas no complexo industrial.
Em 7 de maio, a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, anunciou que conseguiram retirar todas as mulheres, crianças e idosos que permaneciam abrigados na siderúrgica.
"De acordo com as nossas informações, não há civis deixados no local, as nossas unidades têm caminho livre", disse o separatista pró-russo, segundo a agência de notícias oficial TASS.
Segundo o líder pró-russo, existem cerca de 1.200 forças ucranianas no complexo siderúrgico e estão a enfrentar escassez de munição, mas ainda continuam a resistir aos avanços das tropas russas.
Mais de 1.000 soldados ucranianos permanecem em Azovstal, incluindo "centenas de feridos", cerca de 600, declarou Vereshchuk, na terça-feira.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.