Os taxistas parados em Lisboa, em protesto contra a entrada em vigor da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, dizem-se cansados, mas garantem que a mobilização vai continuar por tempo indeterminado.
Cerca de 1.500 táxis estão parados ao longo da Avenida da Liberdade, nos dois sentidos, desde os Restauradores até ao Campo Pequeno, pelo quarto dia consecutivo, em protesto contra a entrada em vigor, a 1 de novembro, do diploma que regula as plataformas eletrónicas de transportes.
Um grupo de taxistas, em conversa este sábado com a Lusa, afirma que estava na Avenida da Liberdade a viver praticamente dentro do carro, desde o primeiro dia.
Alguns ainda vão a casa tomar um banho e ver a família, mas outros garantem que dali não arredam pé.
Ao logo da Avenida da Liberdade, fileiras de táxis parados junto às bermas, nos dois sentidos, eram guardados por taxistas que se juntam em grupos, a conversar e a reclamar contra os colegas que “furam” o protesto e continuam a fazer serviços.
Entre as centenas de táxis ao longo da avenida transformados em casas provisórias, até uma tenda foi montada para um grupo “mais radical”, como lhe chamam alguns taxistas.
“Não somos contra as plataformas, o setor do táxi também as tem, só queremos que as regras sejam iguais”, disse à agência Lusa, no local, José Domingos, membro da direção da ANTRAL (Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Veículos Ligeiros).
Na sexta-feira, o processo teve um desenvolvimento, com o PCP a pedir a revogação da lei, uma decisão que os taxistas consideram estar no “caminho correto”, mas que ainda não é suficiente.
Música no Porto, calor em Faro
No Porto, há animação prevista para a tarde deste sábado e para domingo na Avenida dos Aliados, onde estão concentrados dezenas de taxistas. “Haverá muita música, comes e bebes e a atuação de grupos de concertinas”, disse Carlos Lima, da Federação de Táxis do Porto, à agência Lusa.
Em Faro, os taxistas que estão parados há vários dias acesso ao aeroporto de Faro dizem-se motivados para continuar o protesto, mesmo sob um sol abrasador como o deste sábado
As previsões meteorológicas apontam para uma subida da temperatura até perto dos 40 graus centígrados durante o fim-de-semana. Ao final da manhã deste sábado, os participantes no protesto já tentavam proteger-se como podiam do sol.
Na Estrada Nacional 125/10, perto da rotunda do aeroporto de Faro, onde cerca de 200 táxis estão parados, as sombras escasseiam. Mas a solidariedade entre a classe permite que uns vão ajudando outros e se desloquem alternadamente a supermercados para levar bebidas e alimentos para a zona ou que se vão revezando junto aos táxis, enquanto os colegas vão a casa tomar um banho e descansar um pouco.
Protesto mantém-se até os taxistas serem recebidos pelo Governo
“Os táxis estão parados (em Lisboa) na avenida da Liberdade, na avenida Fontes Pereira de Melo e vão até Entrecampos. Cerca de 1.500 táxis estão parados em Lisboa, mais 800 no Porto e 350 em Faro”, declarou Florência Almeida à agência Lusa, fazendo um ponto da situação no país.
Segundo o responsável da ANTRAL, a determinação dos taxistas é de continuarem paralisados “até que o Governo se digne a receber os representantes dos táxis” e “chegar a um consenso”.