O Ministério Público estará a investigar as transferências de Éder Militão do São Paulo para o FC Porto, em 2018, e do Dragão para o Real Madrid, em 2019, segundo avança o jornal "Público", esta quinta-feira.
O defesa-central brasileiro, de 23 anos, que custara 8,5 milhões de euros (sete milhões pela transferência em si e cerca de 1,5 milhões de encargos adicionais) ao FC Porto, por 90% do passe, rumou a Espanha a troco de 50 milhões, algo que se traduziria numa mais-valia de cerca de 38 milhões. No entanto, a SAD portista só terá declarado uma mais-valia efetiva de aproximadamente 28,5 milhões de euros no relatório e contas.
A diferença, mais de 9,5 milhões de euros, terá servido para pagar serviços de intermediação prestados pela BM Consulting, Lda., empresa de Bruno Macedo, um dos arguidos da operação "cartão vermelho", que levou à detenção do presidente suspenso do Benfica, Luís Filipe Vieira, e pela Bertolucci Assessoria e Propaganda Esportiva, do agente brasileiro Leonardo Bertolucci, sócio do empresário atualmente detido.
Segundo a revista "Sábado", este caso faz parte de uma investigação maior aos empresários Alexandre Pinto da Costa (filho do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa), Pedro Pinho e Bruno Macedo, que terão ligações entre si, assim como a outros intermediários.
Negócio com Altice também investigado
Bruno Macedo também terá estado envolvido nas negociações dos direitos televisivos entre FC Porto e Altice, então MEO (que pertencia à PT, comprada pela Altice). A TVI24 adianta que estão em causa suspeitas de pagamento de uma comissão de 20 milhões de euros ao empresário e, por consequência, desvio de dinheiro para a família Pinto da Costa.
A empresa francesa Altice confirmou à TVI24 que celebrou "um acordo de prestação de serviços com a BM Consulting", com o intuito de "mediar nos contactos e negociações com diversos clubes de futebol".
Em declarações à CMTV, Carlos Rodrigues Lima, subdiretor da revista "Sábado" explicou as suspeitas envolvidas: "Tal como no processo de Luís Filipe Vieira, onde foi revelado que o dinheiro circulava dos empresários para o presidente do Benfica, no FC Porto há uma suspeita que em alguns negócios possa ter existido esse tipo de circuito", esclareceu.