A mulher de Julian Assange acusa a administração de Joe Biden, o Presidente dos Estados Unidos, de “perseguição política” e de “criminalizar o direito do público de saber a verdade”.
Foi o que disse esta quinta-feira Stella Assange no Palco Central da Web Summit, numa das últimas intervenções da conferência que se realizou esta semana, em Lisboa.
“Julian está preso porque está a ser castigado por ter exposto um super-poder”, disse também, arrancando um aplauso dos que assistiam à sua intervenção.
Julian Assange, fundador do Wikileaks, aguarda uma decisão sobre a sua extradição para os Estados Unidos e nesta altura está detido há quatro anos e meio “na mais severa prisão do Reino Unido”, classifica Stella, considerando que neste processo há um antes e um depois da acusação de espionagem por parte da justiça norte-americana.
No entanto, a mulher de Assange esclarece que ele não está acusado de espionagem “per si”, ou seja, não “alegam que ele estivesse a publicar informação em nome de um poder estrangeiro”.
“Ele publicou para benefício do público e isto é uma forma de considerar o jornalismo como um perigo e como algo que precisa de ser restringido”, argumenta.
“Foi a administração Trump que fez esta acusação num contexto em que Donald Trump e a sua administração quiseram estabelecer um precedente, legal e político, para arrefecer a imprensa, restringir a liberdade de imprensa, tornar perigoso publicar informação verdadeira. É assim que estamos hoje”, explica.
Nesta conversa, Stella Assange foi confrontada com o facto de que o atual presidente já não é Donald Trump, ao que Stella retorquiu: ”a administração Biden deu continuidade ao legado mais perigoso de Trump ao manter uma acusação contra um jornalista por ter publicado informação verdadeira”.
Julian Assange, atualmente com 52 anos, é o fundador do site Wikileaks no qual foram divulgados documentos confidenciais que revelam segredos sobre a intervenção militar dos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque.