Portugal é o terceiro país mais envelhecido da União Europeia e isso explica que, durante a pandemia, a esperança de vida tenha caído menos em Portugal do que na média dos 27 estados-membros, avança à Renascença Henrique de Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
De acordo com um relatório divulgado esta segunda-feira pela OCDE, em conjunto com a Comissão Europeia, a esperança de vida entre 2019 e 2021 recuou um ano e dois meses, na média dos 27. Mas em Portugal, o recuo foi de sete meses.
Apesar de ser um dado, aparentemente, positivo à primeira leitura, o presidente do ISPUP lembra que “a forma como calculamos a esperança de vida depende, sobretudo, do momento em que se morre. Se morremos em idades muito precoces, perdemos muitos anos de esperança de vida”.
A par com a Itália, Portugal é um dos países mais envelhecidos da Europa.
“Como as mortes que ocorreram em Portugal foram, sobretudo, de pessoas acima dos 70 anos e, até, na sua imensa maioria, acima dos 75 anos, naturalmente que a expectativa de vida desse conjunto de pessoas contribui com relativamente poucos anos, comparando com países que têm uma população mais jovem", diz Henrique de Barros.
Portugal é um dos países mais afetados pelo chamado "inverno demográfico", e essa é uma das explicações para um recuo menor na esperança de vida, durante a pandemia.
Ainda assim, Henrique de Barros sublinha que, em Portugal, o combate à Covid-19 junto da população mais jovem foi um sucesso.
"Não é por acaso, apenas, que se morreu sobretudo mais tarde em Portugal. O serviço de saúde, e todo o nosso modelo de resposta, foi capaz de poupar vidas nas idades mais jovens. O que não conseguiu foi cobrir a total vulnerabilidade das pessoas mais velhas. Portanto, há aqui um efeito demográfico, mas há, também, um efeito do sucesso de responder à doença", explica.
Esta segunda-feira, o relatório "Health at a Glance" revela que, desde a II Guerra Mundial não se registava um recuo tão acentuado na esperança de vida europeia.