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O coordenador da ‘task-force’ criada pelo Governo para gerir o plano de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, defendeu esta quarta-feira, no parlamento, que seria “um enorme erro” tornar a vacina obrigatória para a população portuguesa.
“Esta vacinação é voluntária e acho que seria um enorme erro torná-la obrigatória. Temos 40 anos de experiência de plano de vacinação, que é uma joia de coroa do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou, relativizando as estimativas de pessoas que não querem ser vacinadas: “Quem recusar receber a vacina deve ser respeitado. Os relatórios dizem que menos de 10% da população recusa tomar a vacina e esses números são animadores”.
Ouvido numa audição conjunta da Comissão de Saúde e da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia, o responsável da ‘task-force’ reforçou que a “confiança é essencial” neste processo e que terá de existir “clareza e facilidade na comunicação”.
“Temos de ganhar a confiança das pessoas para aderirem ao processo de vacinação. Se não a ganharmos, as vacinas vão servir de pouco. Temos de ser capazes de gerir a incerteza, garantindo que a vacina é segura, que os portugueses devem aderir e que o plano está a ser preparado com toda a cautela”, observou, desvalorizando a preocupação que possa existir com reações alérgicas por essa ser “uma questão habitual” na administração de vacinas.
Como tal, Francisco Ramos antecipou uma campanha de comunicação na qual está prevista, além dos contactos locais, a criação de “um ‘site’ completamente dedicado onde as pessoas possam encontrar toda a informação” e “duas linhas telefónicas de contacto, em que a infraestrutura será apoiada pelo SNS24”, com profissionais aptos a esclarecer dúvidas, estando ainda em aberto a possibilidade de vir a ser feito por esta via o agendamento de vacinas.
Apesar de ter reconhecido uma “redução de cerca de 20% das vacinas” da Pfizer no primeiro trimestre de 2021 por “um incumprimento da empresa nessa matéria” a nível europeu, o coordenador da ‘task-force, garantiu a prontidão do SNS.
“Mesmo que essa distribuição ocorra no dia de Natal, teremos as pessoas habilitadas para receber as vacinas no local. Estamos disponíveis para começar a vacinar assim que as vacinas chegarem, seria intolerável ter vacinas em Portugal e não as utilizar de imediato. O pior que poderia acontecer seria marcar datas fixas para uma pessoa vacinar-se num dia a X horas e depois não vacinar”, notou.
Confrontado com a capacidade para uma eventual antecipação da administração da vacina ainda até ao final de dezembro e não apenas em janeiro, Francisco Ramos não se mostrou preocupado, preferindo destacar a “esperança muito grande” que este passo significa no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Quanto menos tempo tivermos para preparar este processo, melhor, porque isso significa que as vacinas vão chegar mais cedo”, sentenciou.
Para a primeira fase do plano de vacinação, prevista entre janeiro e março de 2021, os pontos de vacinação foram definidos tendo em consideração os grupos prioritários no acesso à vacina: as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais.
Por isso, a vacina será administrada nos cerca de 1.200 pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados e no âmbito da medicina do trabalho para os profissionais dos serviços essenciais.
Portugal contabiliza pelo menos 5.733 mortos associados à covid-19 em 353.576 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).