A dois dias do encerramento da campanha para as eleições em Espanha, só se fala de pactos para a formação de Governo. Mariano Rajoy desafia o PSOE para formar executivo, os Cidadãos estão disponíveis para um pacto entre PP e PSOE e o Podemos insiste numa coligação com o PSOE.
Todos dizem que é preciso ter um Governo em Agosto, mas há muitos problemas a resolver em Espanha. Um dos maiores: o desemprego.
A criação de emprego está em todos os programas eleitorais: o PP promete criar dois milhões de postos de trabalho, em quatro anos; o PSOE quer igualdade salarial; o Podemos defende o fim dos contratos precários; e os Cidadãos apostam na criação de emprego jovem.
São temas que estão no papel, mas que andam fora da campanha. “Aquilo que se está a discutir e a debater todos os dias não é o 26 de Junho, o dia das eleições, mas o dia 27 e nesse sentido a preocupação com os pobres é relativamente escassa”, diz à Renascença Angel Franco, director de comunicação da Federação dos Bancos Alimentares espanhóis.
Esta instituição distribuiu, no ano passado, 153 mil toneladas de alimentos a mais de um milhão e 600 mil pessoas.
“Uma boa parte dos que ficaram sem trabalho com a crise é estrangeira, pessoas que recorreram aos bancos alimentares ou que chegam do Norte de África. Mas, com a crise e o desemprego, muitas famílias da classe média viram os seus rendimentos muito reduzidos”, explica.
Angel Franco espera que os partidos consigam chegar a um acordo para formar Governo, porque, apesar de o país dar sinais de que está a sair da crise, há milhares de pessoas em risco de pobreza.
“Há dois problemas: um é que temos de comer três vezes ao dia, se possível, e outro é que tem de haver um governo que aprove leis e acordos; que dirija e negoceie com a Europa e com outros países e que tente encontrar soluções”, afirma.
O primeiro Banco Alimentar em Espanha foi criado em 1987, em Barcelona. Hoje, há 56 espalhados por todo o país.
Desde as eleições de 20 de Dezembro que Espanha vive uma situação inédita de impasse político, com um Governo de gestão liderado por Mariano Rajoy, do conservador PP, a marcar o passo até 26 de Junho, dia em que os eleitores espanhóis são novamente chamados às urnas.