Bispo de Setúbal: Não faz sentido a austeridade que tira o mínimo de sobrevivência às pessoas
23-12-2015 - 23:48
 • Raquel Abecasis

D. José Ornelas apela aos políticos e à sociedade para a criação de um dinamismo em que as pessoas tenham a possibilidade de ser protagonistas do próprio desenvolvimento, da própria recuperação.

D. José Ornelas lamenta que não haja mais esforço para resolver os problemas concretos das pessoas. O bispo de Setúbal diz que a austeridade, que tira o mínimo de sobrevivência às pessoas, não faz sentido e elogia os que na sua diocese estão mais preocupados em ajudar as pessoas e encontrar formas de se autonomizarem.

“O mal deste país e do mundo é que se faz mais politiquice do que política porque a verdadeira política é procurar o bem da polis e isso devia fazer convergir os objectivos que podem ser à partida diferentes mas que buscam o bem da polis. O que a gente vê tantas vezes é que o bem da polis é submetido ao bem da minha facção política”, disse.

Sobre a austeridade dos últimos anos, D. José Ornelas diz que, mesmo tendo em conta as dificuldades e a necessidade de nos ajustarmos, “qualquer política que passe por deixar ao lado uma franja muito grande da população, que não tem um mínimo para viver, não está certa.”

O novo bispo de Setúbal questiona: “isto é maneira de construir o futuro? É assim que se constrói? Não haveria outra maneira de dizer que pelo menos o mínimo de subsistência é preciso ter?” E conclui: “Uma sociedade que se quer construir assim não funciona”.

Nesta entrevista, D. José Ornelas apela também aos políticos e à sociedade: “Temos de criar um dinamismo em que as pessoas próprias tenham a possibilidade de ser protagonistas do próprio desenvolvimento, da própria recuperação”.