As autoridades ucranianas estavam este sábado a procurar eventuais vítimas nos escombros de um quartel no sul da Ucrânia que foi completamente destruído por um ataque russo, suscitando receios de um elevado número de mortos.
O quartel situa-se a norte da cidade de Mykolayiv, junto ao Mar Negro, e foi atingido por seis mísseis disparados pelas forças russas na sexta-feira, segundo a agência francesa AFP.
As instalações militares ficaram totalmente destruídas e as autoridades ucranianas ainda não divulgaram qualquer informação sobre o número de vítimas, mas socorristas no local admitiram à AFP que poderão ser várias dezenas.
Cerca de 200 soldados estariam no quartel no momento do ataque, mas nenhuma autoridade militar precisou o número exato.
Os russos “cobardemente levaram a cabo ataques com mísseis contra soldados que estavam a dormir”, disse hoje o governador regional de Mykolayiv, Vitaly Kim, num vídeo publicado na rede social Facebook, citado pela agência francesa AFP.
“Ainda está a decorrer uma operação de resgate”, referiu.
Kim acrescentou que aguardava informações das forças armadas ucranianas sobre o número de vítimas.
Jornalistas da AFP viram três mortos no local, incluindo um corpo retalhado retirado dos escombros onde os socorristas estavam a trabalhar.
As equipas de socorro também conseguiram retirar pelo menos um sobrevivente.
"Ainda estamos a contar [os mortos], mas é impossível saber devido ao estado dos corpos", disse um socorrista à AFP.
O presidente da câmara de Mykolayiv, Oleksander Senkevych, citado pelos ‘media’ ucranianos, disse que a cidade tem sido bombardeada a partir da vizinha Kherson, controlada pelas forças russas.
A cidade de Mykolayiv tinha quase meio milhão de habitantes antes da guerra, que entrou hoje no 24.º dia de combates.
“O bombardeamento está a acontecer demasiado depressa para que o possamos detetar e acionar o sistema de alarme”, disse o autarca, citado pelo ‘site’ de notícias Ukrainska Pravda.
A região de Mykolayiv tem sido o cenário de violentos combates e bombardeamentos por ser o último obstáculo para as forças russas antes da grande cidade portuária de Odessa.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, mas tem enfrentado uma forte resistência por parte dos ucranianos.
A guerra provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
A ONU confirmou a morte de 816 civis até quinta-feira, incluindo 59 crianças, mas tem alertado que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
A guerra na Ucrânia também provocou mais de 3,2 milhões de refugiados, na pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e impôs sanções económicas e políticas a Moscovo.