Os EUA anunciaram esta segunda-feira que vão aplicar sanções à Turquia, após Ancara ter comprado à Rússia sistemas de defesa aérea S-400, complicando ainda mais as relações já tensas entre os dois aliados da NATO.
A Turquia já reagiu ao anúncio de sanções, criticando o "grave erro" e pedindo a Washington que reverta esta "decisão injusta".
As sanções, que a Reuters noticiou em primeira mão na semana passada, têm como alvos a Presidência das Indústrias da Defesa, o diretor da organização, Ismail Demir, e outros três funcionários.
Apesar de estarem limitadas a uma só empresa, as sanções deverão pesar sobre a economia turca, adiantam analistas, numa altura em que o país está a braços com uma desaceleração económica na sequência da crise pandémica e uma inflação de dois dígitos.
Ancara defende que a aquisição dos sistemas de defesa terra-ar S-400 num negócio com a Rússia em meados de 2019 não representa qualquer ameaça para os restantes membros da NATO. Os EUA, contudo, ameaçavam há mais de um ano com sanções em resposta a esta compra, tendo inclusivamente retirado a Turquia do programa de caças F-35.
"Os EUA deixaram claro à Turquia, ao mais alto nível e em numerosas ocasiões, que a sua compra do sistema S-400 põe em risco a segurança do pessoal e da tecnologia do Exército norte-americano e acrescenta fundos substanciais ao setor de Defesa da Rússia", defende o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
Aos jornalistas, Christopher Ford, assistente do Secretário de Estado para a Segurança Internacional e a Não-Proliferação, explicou que foram esgotadas todas as vias para encontrar uma solução, após Ancara rejeitar todas as ofertas dos EUA. "Este não é um passo que tenhamos dado com leveza e certamente não com rapidez."
As sanções norte-americanas à Turquia, anunciadas quando falta pouco mais de um mês para o fim da presidência Trump, deverão pesar no arranque da administração do democrata Joe Biden e nas suas relações com Ancara, quando tomar posse a 20 de janeiro.
Pouco antes do anúncio formal das sanções, o Presidente turco, Tayyip Recep Erdogan, criticou o passo norte-americano. "Do nosso aliado da NATO, os EUA, esperamos apoio na batalha contra as organizações e forças terroristas focadas na nossa região, não sanções."