O líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, defende que "é inevitável" um congresso antecipado para devolver a palavra aos militantes sobre a liderança interna, alertando que o partido não pode "ignorar a realidade".
Num artigo de opinião que assina hoje no jornal Público, Telmo Correia considerou que os resultados das eleições presidenciais obrigam a "uma reflexão profunda e a uma reorganização" do centro direita.
Salientando que o CDS "terá de fazer uma "prova de vida" ou pelo menos de vitalidade, indo a votos, demonstrando assim sua força e a sua utilidade", e que "não basta acobertar-se em soluções de coligação ou em candidaturas suprapartidárias", o deputado considerou "útil envolver todos, independentemente da sua história ou da sensibilidade de cada um, nesta reflexão estratégica". .
"Tal só será possível com a antecipação e a realização de um congresso extraordinário. Não podemos fazer política de avestruz e ignorar a realidade", atirou.
No texto, o líder parlamentar assinalou a situação que o partido atravessa, com as recentes demissões na direção liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, incluindo do vice-presidente Filipe Lobo d"Ávila, e "a repetição" de sondagens negativas.
"Contra factos não há argumentos e os factos justificam o congresso para que esse amplo debate possa ocorrer e a partir dele o toque a rebate seja possível", defendeu, argumentando que "depois das eleições, das demissões e das discussões, se não se devolver a palavra a todos os militantes, qualquer solução ficará coxa".
Telmo Correia ressalvou que "não significa isto nenhum menor respeito pelo atual presidente do partido ou pela sua legitimidade, mas tão só a ideia de que, nestas circunstâncias, o congresso é inevitável" e apontou que "adiar o inevitável é sempre um erro".
Por isso, insistiu que "quaisquer que venham a ser as decisões dos próximos dias", há um facto "incontornável, a realização de um congresso antecipado": "Será um erro se o CDS e o seu presidente se fecharem no reduto de uma cidade proibida virtual alheios à realidade do que diz a sociedade e a uma realidade política que exige respostas imediatas".
O deputado considerou ainda que "tudo aquilo de que o partido não precisa é de uns contra os outros" e que não há "nada mais disparatado do que andar à procura de culpados".
Na semana passada, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para discutir a convocação de um congresso antecipado para disputar a liderança, e anunciou que será candidato a presidente do partido se essa reunião magna se realizar.
Em resposta, o presidente do CDS-PP convocou para sábado uma reunião do Conselho Nacional (órgão máximo entre congressos) e o único ponto na ordem de trabalhos é a discussão e votação de uma moção de confiança à Comissão Política Nacional.