O Presidente da República admite que o caso do ataque no Centro Ismaili, na terça-feira, pode estar relacionado com a guarda dos três filhos menores do agressor.
A hipótese foi admitida pelo Presidente da República que, no entanto, não especificou os contornos do caso.
Marcelo aludiu a “preocupação com aquela família, com o enquadramento familiar e o comportamento no quadro da família” por parte da comunidade.
“Acontece com muitas famílias, em que as reações perante a intervenção de instituições quanto ao exercício do poder parental suscitam reações”, acrescentou depois o Presidente da República.
Nestas declarações aos jornalistas no fim da reunião do Conselho de Estado, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que este é “um caso específico” e que “não é possível generalizá-lo a mais gente, a mais setores da sociedade portuguesa”.
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo reconhece que não é “especialista em direito da família", mas cita a experiência de muitos colegas especialistas nessa área que relatam situações "muito complicadas", nomeadamente "o exercício do poder parental e com tudo o que tem por trás, as consequências que tem no comportamento das pessoas".
Na terça-feira, um homem de origem afegã que estava no interior do Centro Ismaili, em Lisboa, atacou com uma faca três pessoas, duas acabaram por morrer. O homem estava em Portugal depois de ter vindo de um campo de refugiados na Grécia, onde a mulher morreu num incêndio. O homem, que tinha a seu cargo três filhos menores, é descrito como estando bem integrado.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda considerar que "genericamente a sociedade portuguesa reagiu muito bem" e "com bom senso".
"Esta coisa de termos quase 900 anos, já vimos tudo. Vimos situações que são, de facto, situações graves. Já tivemos, felizmente pouco, mas tivemos algum terrorismo e atos de terrorismo em Portugal. Já tivemos situações de criminalidade mais grave ou menos grave. Já vivemos as coisas mais diferentes e os portugueses, vivemos uma revolução com tudo o que podia ter e não teve de muito, muito sangrento. Portanto, relativizamos aquilo que deve ser relativizado e depois também percebemos o que é grave quando é verdadeiramente grave", rematou.