O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes defendeu, em entrevista à SIC, que “faz inteiramente sentido" que o 25 de Novembro de 1975 seja celebrado, tal como o 25 de Abril de 1974 e entende que quem quer separar as duas datas está "a cometer um erro histórico”.
“Os erros históricos nunca são convenientes, porque a história quando é apresentada na sua totalidade, permite-nos que a ela voltemos, para nela aprender e evitar cometer erros que foram cometidos no passado”, assinalou.
O comandante operacional do 25 de Novembro e primeiro Presidente da República eleito em democracia sublinhou, no entanto, que “há uma data fundadora da Democracia, é o 25 de Abril, que assume perante o povo português o compromisso de honra de lhe devolver a soberania e a liberdade, de fazer com que os portugueses façam aquilo que entendem para viver o seu presente e desenhar o seu futuro”.
“Houve, como toda a gente sabe, sobretudo os mais velhos, aquela perturbação terrível a que chamaram PREC e, houve, obviamente, ameaças significativas à intenção original do 25 de Abril, que era a intenção democrática. O 25 de Novembro reassumiu esse compromisso original”, explicou.
Nesta entrevista, fazendo um balanço dos 50 anos do 25 de Abril, Ramalho Eanes destacou as mudanças positivas, sobretudo, nas áreas da Saúde e Educação e na parte social, referindo que em 1974 havia “uma miséria pungente” que foi atenuada, mas que ainda não desapareceu.
Já sobre o que mudou menos desde a revolução, o general apontou a economia, que não se modernizou, nem se desenvolveu.
A finalizar a entrevista, deixou ainda um apelo aos portugueses: “Se me permite, gostaria de deixar um apelo, tendo em consideração que sou um velho. Tenho quase 90 anos. Gostaria de dizer aos portugueses que é muito importante que se debrucem sobre 25 de Abril, que façam uma reflexão sobre aquilo que se conseguiu”.
“Mas acho que é mais importante ainda fazerem uma reflexão daquilo que querem que venha a ser o país. Uma reflexão que lhes permita ver o que é necessário para que tenhamos um presente melhor. De maior inclusão e, sobretudo, que tenhamos um futuro que corresponda ao desejo dos portugueses. Eu digo isto não por mim, porque sou um velho, nem pelos homens da minha geração. Mas, sobretudo, para as gerações mais novas e para as gerações vindouras, porque a elas cabe assegurar a continuidade da pátria”, concluiu.