A recuperação da economia portuguesa depois da pandemia tem como motor principal o turismo. Estão a chegar a Portugal mais 9% de turistas estrangeiros. Mas a procura de turismo por parte dos residentes no país baixou. Baixa que é clara no Algarve.
Há meses atrás pensava-se que 2023 seria um ano de ouro no turismo algarvio. Essa expectativa levou hotéis e restaurantes a subirem os seus preços. Só que o mercado português no Algarve sofreu uma quebra de 7,4%, segundo informa a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos no Algarve. Por isso agora existem ali quartos vazios e mesas de restaurantes sem clientes.
Tudo indica que os preços algarvios, em hotéis e restaurantes, deixaram de ser competitivos, pelo menos para os clientes portugueses. Claro que esta quebra do turismo nacional no Algarve também tem que ver com a perda de poder de compra dos portugueses. A inflação, superior ao acréscimo de rendimentos (salários, nomeadamente), bem como o aperto financeiro que muitos portugueses agora sofrem, com a subida da prestação de créditos bancários à habitação, contribuíram também para que muitas famílias nacionais desistissem de, neste ano, fazerem férias no Algarve.
E o turismo estrangeiro, como vai no Algarve? Num artigo do jornalista Idálio Revez no Público da passada terça feira lê-se que a vinda de turistas alemães caiu 3,3% - mas em contrapartida o mercado irlandês cresceu 5,4%. Mais importante, nesse artigo afirma-se que a evolução dos preços (nos hotéis e restaurantes algarvios) “não terá sido acompanhada pela qualidade do serviço prestado”.
O que levanta a possibilidade de o turismo algarvio estar a perder terreno face aos seus concorrentes noutros países, a começar por Espanha. No referido artigo diz-se que “não será por acaso que a zona fronteiriça da praia de Monte Gordo” sofreu uma quebra no turismo nacional de 10,7% em relação a 2019; “Vila Real de Santo António foi a mais castigada pelo mercado nacional”. Há dias soube-se que os preços em Albufeira subiram mais do que em Nice, Biarritz ou Palma de Maiorca.
Esperemos que a atual desilusão dos operadores turísticos do Algarve sirva para que haja mais atenção à competitividade, face à forte concorrência internacional.