O secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, admite que a recuperação da Efacec pelo fundo alemão Mutares, que ganhou a corrida à privatização da empresa portuguesa, demore três a cinco anos.
"A proposta creio que aponta num prazo de três a cinco anos", afirmou, quando questionado sobre o tempo de recuperação da Efacec, numa entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, que será transmitida no domingo no programa "Conversa Capital".
Segundo Pedro Cilínio, se o fundo alemão "vender a Efacec antes desse prazo é porque a recuperação correu melhor".
Quanto ao valor da venda ou do capital a investir pelo fundo Mutares, o secretário de Estado da Economia recusou-se a divulgá-lo, alegando que tal será feito "no momento certo", uma vez que "estão a ser fechados aspetos para a assinatura do contrato". .
Confrontado com as críticas do PSD, que acusa o Governo de agir com opacidade no dossiê da privatização da Efacec, Pedro Cilínio respondeu que o ministro da Economia, António Costa Silva, "está a conduzir o processo e certamente, quando entender ser oportuno, irá divulgar a informação necessária". .
O PSD anunciou esta semana que vai pedir o agendamento para a próxima quarta-feira de um debate parlamentar de urgência sobre a privatização da Efacec, por considerar que o Governo agiu com opacidade e que o ministro da Economia deixou várias perguntas por responder.
Em declarações na quinta-feira à Lusa, o deputado social-democrata Paulo Rios de Oliveira disse que as declarações do ministro deixaram "perguntas, preocupações e perplexidades".
"Primeiro, não anunciaram a venda, anunciaram o projeto de venda. Quanto é que vai pagar? Não sabemos. Qual é o projeto? Não sabemos. Qual é a necessidade de envolvimento de mais credores para o projeto ser aceite? Não sabemos. Qual é o modelo criativo que vai permitir ao Estado recuperar aquilo que lá pôs? Não sabemos. Até que ponto? Não sabemos", enumerou Paulo Rios de Oliveira. .
Na quarta-feira, em conferência de imprensa, em Lisboa, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, afirmou que a proposta do fundo Mutares foi "meticulosamente analisada", assegurando que dá ao executivo conforto quanto ao futuro e manutenção da Efacec enquanto "um grande projeto industrial e tecnológico".
A 11 de abril, a Parpública anunciou ter recebido propostas vinculativas melhoradas de quatro candidatos à compra de 71,73% da Efacec, no âmbito do processo de reprivatização da empresa.
As propostas vinculativas melhoradas foram apresentadas por Mutares, Oaktree, Oxy Capital e Agrupamento Visabeira-Sodecia.
O Governo aprovou em novembro um novo processo de reprivatização da participação social do Estado de 71,73%, com um novo caderno de encargos, depois de ter anunciado em 28 de outubro que a venda da Efacec ao grupo DST não foi concluída por não se terem verificado "todas as condições necessárias" à concretização do acordo de alienação.