Em pleno pico de mortalidade e com as urgências lotadas com casos de gripe, surgem agora dúvidas quanto à eficácia da campanha de vacinação.
Afinal, o que se passa?
A resposta está nos números. A campanha de vacinação conjunta contra a gripe e contra a Covid-19 arrancou em finais de setembro e, na comparação com janeiro de 2023, há nesta altura menos portugueses vacinados.
São quase 10 pontos percentuais a menos na vacinação contra a gripe para os maiores de 60 anos. Os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde apontam para uma cobertura de 63% para a vacina da gripe, muito abaixo da meta de 75% recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
E porquê que esses números estão assim tão abaixo do esperado?
Os especialistas apontam três razões. Por um lado, é a primeira vez que a vacinação está a ser feita nas farmácias. O antigo presidente do colégio de medicina geral e familiar da Ordem dos Médicos diz que a rede não estará devidamente preparada para dar resposta às solicitações. Por outro lado, são apontadas falhas na comunicação. Em anos anteriores, as pessoas eram convocadas para comparecerem para serem vacinadas, agora já não são.
E, finalmente, fadiga pandémica. As pessoas estarão cansadas depois da corrida às vacinas durante a pandemia.
O que dizem as farmácias?
Rejeitam essa crítica e dizem, até, que o balanço da vacinação, até ao momento, é positivo.
A Associação Nacional de Farmácias lembra que só tiveram acesso às vacinas três semanas mais tarde.
Se a taxa de vacinação fosse maior, seria menor a pressão sobre os hospitais?
Eventualmente. Até porque, segundo os especialistas, a estirpe que está na composição da vacina é muito coincidente com a estirpe que circula na comunidade. E estar vacinado garante, pelo menos, uma menor probabilidade de doença grave.
Importa dizer que a mortalidade em Portugal está acima do esperado: são já mais de 1.700 em excesso, no espaço de 16 dias.
No meio de tudo isto, como está a afluência às urgências?
A pressão parece ter diminuído pelo menos um pouco, na maioria dos hospitais. Um dado avançado pelo ministro da Saúde que afirmou que desde o fim de semana as coisas têm estado mais calmas. Os tempos de espera já estarão com a niveis mais próximos dos habituais, embora continuem os relatos de situações muito complicadas.
Mas quem ainda não foi vacinado, ainda pode ser?
Basta dirigir-se a uma farmácia ou a um centro de saúde. Os especialistas dizem que ao fim de quatro, cinco dias já estará garantida a proteção devido à vacina.