O Grupo VITA já recebeu, desde o início do funcionamento da plataforma, em maio de 2023, um total de 57 pedidos de ajuda, 210 chamadas telefónicas e ainda 35 atendimentos, na sua maioria, presenciais.
Em comunicado enviado à Renascença, a coordenadora, Rute Agulhas, informa que “na sua maioria, estes pedidos de ajuda dizem respeito a pessoas adultas que terão sido vítimas de violência sexual na infância ou adolescência, existindo também situações de pessoas especialmente vulneráveis e algumas situações mais recentes”.
De acordo com a coordenadora, 31 situações foram já reportadas às estruturas da Igreja e 13 foram sinalizadas junto da Procuradoria Geral da República e da Polícia Judiciária”, estando ainda agendados “atendimentos a outras duas pessoas, para os dias 6 e 9 de outubro”.
O grupo, criado para acompanhar as situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal, já formou uma Bolsa de cerca de 80 profissionais- psicólogos e psiquiatras- “para quem estão a ser gradualmente encaminhadas as vítimas que apresentam essa necessidade”, anuncia Rute Agulhas.
Em curso estão também quatro estudos de investigação, de forma obter um conhecimento mais aprofundado dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica em Portugal.
Grupo VITA desmente queixa à RTP
Em comunicado, o Grupo VITA desmente uma queixa efetuada junto da RTP, que dava conta que a plataforma “não estaria a atender as vítimas de violência sexual de forma célere, estando agendado um atendimento apenas para o mês de dezembro deste ano”.
Segundo Rute Agulha, “é falsa a afirmação”, lamentando “este tipo de desinformação”.
O número de queixas tem subido nos últimos meses. Numa entrevista à Renascença em agosto, Rute Agulhas informou que a maior parte das denúncias “não são conhecidas das comissões diocesanas e também não tinham sido reportadas à ex-Comissão Independente”, entendendo como um “sinal claro de confiança” no grupo.
A psicóloga revelou também que durante os dias em que o Papa Francisco esteve em Portugal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, houve um aumento de pedidos de ajuda. “Aquilo que as pessoas nos referem é a sensação de empoderamento e de mais coragem, de incentivo que sentiram através das palavras do Papa, afirmou.
O Grupo continua a apelar para que mais pessoas peçam ajuda, numa altura em também que está em fase de elaboração o “Manual de Prevenção de Violência Sexual no Contexto da Igreja Católica em Portugal”
A 12 de dezembro será publicado o primeiro relatório.
O VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000) ou do formulário para sinalizações, disponível no site www.grupovita.pt.