As autoridades de saúde em Portugal vão alargar em 10 anos o período de rastreios ao cancro da mama. A idade mínima irá baixar dos 50 para os 45 anos, enquanto a idade máxima varia no sentido inverso: dos 69 para os 74 anos.
Segundo noticia o jornal Público, as alterações estão em sintonia com as idades recomendadas pela União Europeia, em novembro do ano passado. Informação essa avançada por José Dinis, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A mesma entidade para a saúde já havia criado um grupo de trabalho, coordenado pelo Departamento da Qualidade em Saúde, para analisar a idade de início e fim dos rastreios ao cancro da mama. Até ao momento, o intervalo compreende pessoas - sobretudo mulheres - entre os 50 e os 69 anos.
Ao mesmo jornal, José Dinis explica que as alterações previstas são o fruto de uma "revisão ampla e abrangente da literatura científica sobre este assunto". O grupo de trabalho ainda não emitiu um parecer técnico final sobre as modificações a efetuar, mas o diretor garante que incluirá "seguramente, as recentes guidelines europeias".
José Carlos Marques, presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia diz "fazer sentido" atualizar as regras do rastreio ao cancro da mama. Em declarações ao Público, o responsável da Unidade de Radiologia Mamária do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa defende que a saúde em Portugal deve ir ao encontro das recomendações europeias.
No entanto, há opiniões contrárias, como é o caso de Susana Sousa. A oncologista do IPO do Porto vê a antecipação da mamografia de rastreio "com bons olhos", mas acredita que não deve ser aplicada de maneira uniformizada.
A médica salienta que "nem toda a gente precisa" de fazer exames tão cedo, submetendo-se à realização "precoce" de "procedimentos desconfortáveis, incluindo uma biópsia, a exposição à radiação de uma mamografia, a ansiedade causada por toda a situação e o risco de um falso positivo".
Para Susana Sousa, a solução pode passar por uma avaliação individual, entre os 40 e os 50 anos, de forma a perceber se há indícios de risco de desenvolvimento da doença oncológica. Proposta igualmente defendida por José Carlos Marques, aponta o Público.
"As mulheres podem fazer uma avaliação de risco com base na densidade mamária e no historial familiar, no caso de já ter feito biópsia mamárias anteriormente ou de já ter sido sujeita a radioterapia", aponta o diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas.
Segundo o mesmo jornal, a União Europeia também revela cautela quanto à densidade mamária, sugerindo avaliações através de ressonância magnética. Este exame permitirá detetar com maior eficácia a presença de eventuais tumores, que poderão passar despercebidos num raio x a mamas que apresentem maior densidade do que o habitual.