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A vacinação das forças de segurança e bombeiros vai deixar de liderar as prioridades devido à escassez de vacinas, sendo reforçada a administração a pessoas com 80 ou mais anos e entre os 50 e os 79 anos com doenças crónicas.
Segundo o “Expresso”, que cita o novo coordenador da 'task force', Henrique Gouveia e Melo, a escassez de vacinas levou à alteração do plano inicial da vacinação, retardando a vacinação às Forças Armadas e forças de segurança, bombeiros, elementos de órgãos de soberania, como tribunais e o Parlamento, e mesmo médicos que não estejam na linha da frente.
O grosso das vacinas disponíveis será administrado a dois grupos: a pessoas com 80 ou mais anos e a pessoas entre os 50 e os 79 anos com uma das quatro doenças de maior risco para a covid-19 (cardíaca, coronária, renal e respiratória grave).
De acordo com o semanário, a escassez das vacinas e a necessidade de proteger os mais vulneráveis à Covid-19 levaram o novo coordenador da 'task force' a redefinir prioridades na vacinação.
Henrique Gouveia e Melo adiantou ao jornal, que 90% das vacinas disponíveis destinam-se agora a "salvar vidas" e apenas 10% a "ir reforçando a resiliência do Estado em período de pandemia".
Segundo o jornal, isto equivale "a retirar mais velocidade no ritmo de vacinação de profissionais de serviços essenciais do Estado, que também integram a primeira fase do plano e onde se incluem as Forças Armadas e forças de segurança, bombeiros, elementos de órgãos de soberania, como tribunais e o Parlamento, e mesmo médicos que não estejam na linha da frente".
Trata-se de "um exemplo de adaptação do plano às condicionantes exteriores, preservando e focando a resposta no que é, de momento, mais premente e essencial", disse Gouveia e Melo.
O vice-almirante diz ainda que "este enfoque superior ao objetivo de salvar vidas acontece quando já foram reforçados os grupos mais prioritários da saúde e dos serviços críticos e essenciais".
Liga quer esclarecimentos
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) disse estar “surpreendido” por não ter sido avisado de que a vacinação destes profissionais deixou de liderar as prioridades do plano e exigiu esclarecimentos.
“Admitimos que possa haver falta de vacinas, mas já não admitimos a falta de sentido ético e de lealdade de trato que merecem os bombeiros portugueses para que se alguma alteração houver, se está a ser feito algum reajustamento devíamos ter sido atempadamente avisados e respeitosamente tratados à dimensão do sentido ético que usamos com todos”, disse à Lusa Jaime Marta Soares.
O mesmo responsável disse ter ficado “surpreendido” e “preocupado” com a notícia sobre a vacinação, da qual teve conhecimento através da comunicação social.
“Queremos saber se é ainda sobre estes primeiros 50% [que estão a ser vacinados numa primeira fase] ou dos seguintes 50%. Quero que me digam o que se passa para poder informar os bombeiros”, frisou.
Jaime Marta Soares lembrou os meses que os bombeiros tiveram de esperar para serem vacinados.
Associação da PSP preocupada
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) manifestou "alguma preocupação" com o retardar da vacinação das forças de segurança contra a Covid-19 e defendeu que o Governo devia dar "um sinal de resolução do problema".
"Há polícias que já foram vacinados numa primeira fase" e há outros que estão notificados para ser vacinados já este fim de semana, salientou.
O presidente da ASPP/PSP defendeu que se trata de um conjunto de profissionais que, estando num conjunto de missões e de fiscalizações para corresponder àquilo que são as necessidades do combate à pandemia, onde estão na primeira linha, já deviam estar vacinados.
"O processo deveria estar já mais acelerado e mais desenvolvido e agora agrava tudo com este obstáculo que é colocado e que de alguma forma nos deixa preocupados", lamentou.
A vacinação começou em 27 de dezembro, abrangendo primeiro profissionais de saúde envolvidos na resposta a esta doença, e estendendo-se depois a profissionais e residentes em lares de idosos e unidades de cuidados continuados.
A primeira fase do plano de vacinação inclui também profissionais das Forças Armadas, forças de segurança e serviços considerados críticos.
Entretanto, começaram a ser vacinadas pessoas com 80 ou mais anos de idade e com 50 ou mais anos e patologias associadas.
No sábado, o primeiro-ministro anunciou um reforço de cem mil vacinas para administrar aos idosos com mais de 80 anos e às pessoas com mais de 50 anos e doenças associadas.
Em Portugal, morreram 15.754 pessoas dos 792.829 casos de infeção confirmados, de acordo com o último boletim da Direção-Geral da Saúde.