Mais de 500 milhões de abelhas morreram no Brasil num espaço de três meses. Investigadores dizem que o uso de pesticidas é a principal causa, avisando que os químicos podem vir a afetar mais do que as abelhas, avança a Bloomberg.
O alerta foi dado por apicultores em quatro estados brasileiros. Só no Rio Grande do Sul foram encontradas 400 milhões de abelhas mortas. Em Santa Catarina, foram 50 milhões, 45 milhões no Mato Grosso do Sul e sete milhões em São Paulo.
A maioria apresentava vestígios de Fipronil, um pesticida proibido na União Europeia e classificado como uma substância possivelmente cancerígena pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
Cerca de 75% das colheitas a nível mundial dependem da polinização das abelhas, alerta a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO).
Esta situação chamou atenção para o uso intensivo de pesticidas na agricultura brasileira e para a possibilidade de os químicos chegarem à distribuição de comida humana, numa altura em que o governo de Bolsonaro considera alargar as permissões para o uso destes produtos químicos.
Desde a eleição de Jair Bolsonaro, o Brasil permitiu a venda de 290 pesticidas. Um número recorde que significa um aumento de 27% relativamente ao mesmo período de 2018.
Entre 1990 e 2016, houve um crescimento de 770% no uso de pesticidas no Brasil, relata a FAO.
Segundo o mais recente relatório de segurança alimentar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vinculada ao Ministério da Saúde brasileiro, 20% das amostras continham vestígios de pesticidas acima dos níveis permitidos ou continham pesticidas não autorizados.