Sobe para quatro número de mortos em lar de Santarém, há 51 infetados
11-09-2020 - 15:23
 • Lusa

Questionado sobre o que disse a diretora financeira do lar, sobre “problemas com os auxiliares”, que Amélia Silva descreveu como “ajudantes de fraca qualidade”, o autarca remete o assunto para a Segurança Social.

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O lar na Póvoa de Santarém onde foi detetado um surto de Covid-19 registou quatro óbitos, até quarta-feira, contabilizando agora 51 casos positivos, dos quais 37 são de utentes e 14 de funcionários, informou o coordenador da Proteção Civil Municipal esta sexta-feira.

Em declarações à agência Lusa, José Guilherme explicou que o número total de mortos na Casa de Repouso Fonte Serrã “já vem de anteontem”, havendo mais duas mortes em relação ao fim de semana.

Em 05 de setembro, durante a noite, morreram dois dos idosos que estavam internados no Hospital Distrital de Santarém (HDS), disseram fontes hospitalares e da Proteção Civil.

A presidente do Conselho de Administração do HDS, Ana Infante, disse à Lusa que os dois idosos tinham “prognóstico reservado e comorbilidades associadas”.

José Guilherme não especificou onde se registaram os dois novos óbitos.

De acordo com o também comandante dos Bombeiros Municipais de Santarém, em Fátima, concelho de Ourém (também no distrito de Santarém), permanecem alojados 12 pessoas do lar com testes negativos.

Nove utentes continuam hospitalizados na unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo e um já testou negativo; 14 funcionários ainda se encontram infetados, depois de a médica e dois técnicos terem testado negativo; 11 utentes estão no Hospital Distrital de Santarém, sendo que um já não se encontra infetado; e estão 23 utentes assintomáticos no lar, tendo seis testado negativo, após novos testes.

Na semana passada, a Segurança Social colocou mais três funcionários no lar na Póvoa de Santarém, depois de terem sido detetados mais dois casos positivos.

Em 09 de setembro, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), referiu que a Segurança Social, em conjunto com a Cruz Vermelha, conseguiu “arranjar 11 funcionários” para trabalharem na Casa de Repouso Fonte Serrã, garantindo as condições mínimas de segurança para os utentes que ainda lá se mantêm.

Questionado sobre as declarações prestadas à SIC pela diretora financeira do lar, Amélia Silva, que reportou na altura “problemas com os auxiliares”, descrevendo-os como “ajudantes de lar e de fraca qualidade”, o autarca remeteu o assunto para a Segurança Social.

Num esclarecimento enviado hoje à agência Lusa, o Instituto da Segurança Social, em conjunto com Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, afirmou que “nunca estiveram em causa os cuidados prestados aos utentes” no lar da Póvoa de Santarém.

Os médicos e enfermeiros do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíra do Tejo, é referido, “prontamente se disponibilizaram” para colmatar a falta de recursos.

“Neste caso concreto verificou-se que não foi reforçada a equipa de recursos humanos, através de contratação direta por parte da entidade, o que originou rutura total ao nível dos recursos humanos disponíveis para fazer face à emergência, facto só resolvido pela intervenção rápida das autoridades, com a ativação de recursos humanos, incluindo uma nova direção técnica, assegurando-se assim a gestão do equipamento e a prestação dos necessários serviços aos utentes”, pode ler-se.

No comunicado, as entidades lembram ainda que é da “responsabilidade da Segurança Social, da Autoridade de Saúde e de Proteção Civil a permanente avaliação das condições de funcionamento dos equipamentos sociais”, tendo-se decidido, após a avaliação das condições de funcionamento, manter a atividade do lar.

Numa reportagem emitida na SIC na noite de quinta-feira, familiares de utentes apontaram “falhas graves” na gestão do lar, estando a ponderar recorrer e fazer uma participação junto da Procuradoria-Geral da República.

Os familiares acusam a Casa de Repouso Fonte Serrã de deixar os utentes “nove dias sem tomar banho”, bem como atrasar-se nas refeições e trocar a medicação dos idosos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 910.300 mortos e mais de 28,2 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.855 pessoas dos 62.813 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.