Pelo menos 72 pessoas morreram nos distúrbios violentos, saques e intimidação desencadeados na África do Sul pela prisão do ex-presidente Jacob Zuma e que se intensificaram nas últimas horas, divulgou a Polícia sul-africana.
"O número total de pessoas presas é agora de 1.232, e o número de mortes de 72 pessoas", anunciou em comunicado o Comando Nacional Operacional e de Inteligência Conjunto (NATJOINTS, na sigla em inglês), citado pela imprensa local.
De acordo com a polícia sul-africana, há agora 45 vítimas mortais em Gauteng, o motor da economia do país, e outros 27 óbitos contabilizados no KwaZulu-Natal, em resultado dos distúrbios violentos, saques e intimidação que fustiga partes do país.
O comunicado refere também que as forças de segurança efetuaram até ao momento 683 detenções em Gauteng, sendo que no KwaZulu-Natal, foram detidas 549 pessoas.
Os tumultos alastram-se na noite desta terça-feira às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique e Essuatíni (antiga Suazilândia), avançou o portal sul-africano News24.
Uma esquadra da polícia em Matsulu, província de Mpumalanga, onde se encontrava uma pessoa detida sob custódia, foi saqueada e posteriormente destruída, relatou o portal, acrescentando que as autoridades registaram também dois incidentes em Galeshewe, no Cabo do Norte, onde foi detida uma pessoa.
Devido às ações de violência armada, saques, intimidação e bloqueio das rotas de abastecimento a partir da estratégica província oriental do KwaZulu-Natal, litoral do país, a empresa Refinarias Sul-Africanas de Petróleo Shell e BP (SAPREF, na sigla em inglês) anunciou esta terça-feira o encerramento da refinaria na cidade portuária de Durban devido à atual situação de insegurança no país.
“Devido aos distúrbios civis no país e à interrupção das rotas de abastecimento dentro e fora dos KwaZulu-Natal, os fornecedores de materiais críticos para as operações da SAPREF comunicaram a suspensão das entregas à refinaria por motivo de segurança dos seus funcionários e danos à sua frota de veículos de transporte na via pública”, explicou a empresa.
“Sem os referidos materiais e sem haver clareza sobre quanto tempo durará os motins e a retomada normal do abastecimento, a SAPREF não consegue manter as operações da refinaria. Consequentemente, foi obrigada a tomar a difícil decisão de encerrar a refinaria”, adiantou.
Em Joanesburgo, a procura de combustível originou longas filas nas bombas de gasolina no início da noite desta terça-feira, constatou a Lusa no subúrbio de Bryanston, no norte da capital económica do país.
Os residentes locais fizeram também fila no SPAR, uma das quatro grandes superfícies que serve esta área residencial, onde muitas prateleiras se encontravam já vazias no final do dia.
Pelo menos 200 centros comerciais foram saqueados desde quinta-feira na África do Sul, relatou a imprensa local, após a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma na noite da passada quarta-feira por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional, a mais alta instância judicial do país.