Dois projetos desenvolvidos nos últimos três anos por investigadoras da Universidade do Algarve, que vão ser divulgados esta quarta-feira, revelam que os residentes convivem bem com os turistas e até querem mais no seu concelho. No entanto, não querem pagar para o desenvolvimento do turismo.
O projeto RESTUR analisou as atitudes e comportamentos dos habitantes face à atividade turística.
À Renascença, o o presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve, João Fernandes, sublinhou três resultados. Os residentes apoiam a aposta no turismo e o aumento de turistas no respetivo concelho, estão disponíveis para os receber com simpatia e a interação é boa.
No entanto, não aprovam a construção de mais infraestruturas para atrair turistas e menos ainda estão dispostos a pagar para o desenvolvimento do turismo. Querem estar informados, mas não querem participar no planeamento.
Como menos positivo, os algarvios apontam ainda os impactos ambientais com o lixo, ruído e ocupação de espaços naturais de uso livre, como as praias.
“Os estudos já estão a servir de base para um trabalho mais vasto que estamos a desenvolver no Observatório de Turismo Sustentável, no sentido de reunir elementos para desenhar políticas públicas que contribuam para construir um destino cada vez mais sustentável. Para isso temos que medir o grau de pressão turística, a forma como impacta nos residentes quem nos procura, que motivações tem e como é que podemos atrair mais procura na época baixa, limitando a pressão na época alta”, explica o responsável da região de Turismo.
Mais mulheres turistas e o fim de um mito
O projeto TurExperience pretende estudar a experiência do turista e a imagem que leva do Algarve. Em entrevista à Renascença, o presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve revelou que os estudos mostram que entre a época alta e a baixa há menos diferenças do que se pensava.
Um facto curioso é que em qualquer das épocas turísticas, as mulheres estão em maioria nas quase 3.000 entrevistas realizadas: 61% na época alta e 53% na época baixa.
Três quartos dos inquiridos durante a época baixa tem entre 25 e 64 anos, ou seja, estão em idade ativa. Os dados mostram que, afinal, não são os chamados “seniores”, já reformados, quem mais procura a Região nos meses de outono e inverno.
João Fernandes tem uma explicação para estes dados: há cada vez mais gente a apostar em miniférias ou fins-de semana prolongados, que não põem em causa horários de trabalho ou escolares.
Além disso, dois terços dos visitantes têm pelo menos o ensino superior, o que não era hábito. Metade dos inquiridos vem para o Algarve acompanhados; 25% são casais e outros tantos vêm com amigos.
Na época alta, a principal motivação é o sol e mar, além da animação. Mas a náutica e os passeios surgem logo a seguir. Dois terços dos inquiridos são repetentes, embora mais na época alta do que na baixa.
Os estudos TurExperience e RESTUR vão ser apresentados esta quarta-feira no auditório da Região de Turismo, em Faro.