O vídeo de Jenni Hermoso divulgado esta quarta-feira, em que a jogadora da seleção espanhola de vutebol aparece a brincar com as colegas sobre o beijo que o presidente da federação Luis Rubiales lhe deu, “não muda nada de substancial no caso”.

A opinião é do presidente da Associação de Jornalistas de Desporto (CNID), Manuel Queiroz, sobre o caso que marcou o final do Mundial de Futebol feminino.

“Não acho que muda nada de fundamental no caso, confesso. Está em causa uma relação hierárquica, porque há o presidente e há uma jogadora. E há uma diferença de idades também grande”, começa por dizer. “O comportamento de Rubiales é cavalar.”

O especialista destaca que o caso ocorreu no final de um jogo muito importante e, portanto, a atleta estava tomada por emoções fortes, e concede que o agora suspenso presidente da Federação Espanhola de Futebol também pudesse não estar no controlo total dos sentimentos. Ainda assim, sublinha, são situações diferentes.

“As emoções da jogadora são completamente diferentes, quer pela idade, quer pelo envolvimento. Admito que, numa primeira fase, as coisas tenham passado por uma determinada análise da própria Jenni Hermoso. Acho que a atitude do presidente da Federação espanhola é, em qualquer caso, o que se chama de um comportamento cavalar”, analisa.

Segundo Queiroz, o responsável federativo não respeitou “a dignidade de um cargo tão elevado como o de presidente”.

Nas últimas horas, foi divulgado um novo vídeo, partilhado nas redes sociais, onde se vê a jogadora e as colegas de equipa a brincarem e a rirem sobre o beijo de Rubiales, agora suspenso da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), após a vitória do Mundial.

A futebolista aparece num autocarro, poucas horas após a final do campeonato do mundo, e surge a ver no telemóvel o momento do beijo e a rir desse episódio.

Jenni Hermoso, em tom de brincadeira, compara mesmo o que se passou com o beijo protagonizado entre Iker Casillas e Sara Carbonero, quando esta era jornalista e entrevistou o ex-guarda-redes.

Para o jornalista Manuel Queiroz, Luis Rubiales revelou sempre “uma falta de dignidade expressa em várias outras situações no final daquele jogo e em muitas outras anteriormente que, nomeadamente o presidente da Liga espanhola, também tem denunciado”.

Por isso, sustenta que “o que o presidente da Federação espanhola fez é algo que não tem defesa e que não tem nenhum tipo de dignidade”. E conclui: “Já devia ter-se demitido, porque defenderia assim a instituição que serve.”

Já em relação ao impacto que este caso tem na candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos para acolherem o Mundial de Futebol em 2030, o presidente do CNID acredita que pode ser negativo, porque Rubiales não era “muito bem visto em vários areópagos internacionais”.

“Não ajuda nada a candidatura portuguesa, espanhola e marroquina, o mundo todo está muito sensível a estas coisas”, remata.

“Há gente com capacidade para tirar desforço de uma coisa destas, porque os interesses também são muito grandes e, portanto, acho que que a Federação Portuguesa tem de ter isso em conta nesta fase.”