O Explicador Renascença da tarde desta segunda-feira fala da polémica à volta da falta de meios aéreos de combate aos incêndios.
A Força Aérea diz que faltam 11 meios necessários.
No entanto, o ministro da Administração nterna diz que, na verdade, só faltam seis meios aéreos.
Quantos meios faltam, afinal?
É preciso que Governo e Força Aérea se entendam quanto aos números, porque a única coisa que podemos dizer com toda a certeza é que Portugal tem de facto menos meios aéreos de combate aos fogos do que estava previsto para esta altura do ano.
Quando o DECIR - Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais - foi apresentado, em abril, estavam previstos 34 meios para este período de 15 a 31 de maio.
Só que a Força Aérea diz que neste momento estão garantidos, apenas, 23. Trata-se de um número que é contrariado pelo ministro da Administração Interna.
Segundo José Luís Carneiro, até agora estavam a operar 14 meios aéreos e esta segunda-feira entraram em ação mais 14. Pelas contas do ministro faltam quatro helicópteros e dois Canadair.
Ainda vamos ter mais meios nesta fase ou não?
Se tudo correr bem, é possível.
O ministro da Administração Interna garante que a Força Aérea está no mercado a desenvolver todos os esforços “possíveis e imaginários” para conseguir os quatro helicópteros e dois Canadair em falta para esta fase.
Caso assim seja, a obtenção destes meios terá de ser feita por ajuste direto, ou seja, pagando mais do que estava pensado.
Mas há falta de aviões?
Há e a culpa será também da guerra na Ucrânia que originou uma subida generalizada dos preços de matérias-primas, do combustível e da mão de obra, o que está a provocar escassez de meios aéreos por toda a Europa.
A Força Aérea lançou concursos em outubro e em abril para alugar helicópteros ligeiros e aviões anfíbios sem sucesso.
Não há disponibilidade na Europa e noutros continentes chegam a custar o dobro do previsto, pelo que a opção foi substituí-los por meios de outras categorias mais pesadas.
São esses que vão ser contratados por ajuste direto, um processo que está a decorrer nesta altura.
Vamos ter os meios previstos em junho?
Não vamos, porque o objetivo inicial era 72 meios na fase mais crítica dos incêndios - entre 1 junho e 30 de setembro - seriam mais 12 do que nos anos anteriores.
No entanto, apesar da despesa ter sido orçamentada, não há meios disponíveis para alugar, no mercado.
E, por isso, o novo objetivo traçado pelo ministro, é chegarmos ao pico do dispositivo - em julho - com 60 meios aéreos, tantos como tivemos em 2022.
Tudo aponta para que este ano seja mais exigente em termos de incêndios?
No ano passado, a área ardida foi mais do triplo da de 2021.
Tratou-se de um verão muito quente, com o país a atravessar uma grave seca.
O Governo teve, mesmo, de decretar, pela primeira vez, situação de calamidade em todo o continente devido ao risco de incêndios.
Nesta altura, o risco de incêndio é superior ao mesmo período do ano passado e desde o início do ano já temos mais de 7.000 hectares de área ardida.
Tivemos já várias ondas de calor e estamos a atravessar uma grave situação de seca.
Tudo aponta para um verão muito muito quente e o problema não é exclusivo nosso. Espanha está numa situação de seca ainda pior e, no ano passado, houve alturas em que os meios aéreos da União Europeias não foram suficientes para apagar todos os fogos.