A Cáritas Portuguesa lança uma campanha nacional de recolha de roupa, cobertores e agasalhos para as crianças refugiadas da Síria, para dar expressão ao valor da solidariedade perante uma emergência humanitária.
Em declarações à Renascença, o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, explica que esta acção vai ao encontro da mensagem do Papa para o tempo da Quaresma, que se inicia nesta Quarta-feira de Cinzas.
“O Papa pede que não fiquemos indiferentes a qualquer situação onde o egoísmo, a desumanidade das pessoas gera situações de pobreza horríveis, de sofrimentos incomensuráveis e, portanto, eu chamo à atenção que este é o tempo para trazermos ao de cima a nossa misericórdia, como pede o Santo Padre”, apela Eugénio da Fonseca.
O presidente da Cáritas acredita que os portugueses vão aderir a esta campanha, que decorre até 25 de Fevereiro, e vão continuar a demonstrar a solidariedade, apesar das dificuldades que também sentem no dia-a-dia.
"Temos um povo que já deu mais do que provas, que não conseguimos qualificar, de gestos de solidariedade que têm permitido que, nos últimos anos, a situação social, familiar, pessoal, saúde física e psíquica de muitos dos seus concidadãos não fosse pior do que poderia ser se não houvesse essa solidariedade. O nosso povo é um povo de uma generosidade que chega ao ponto de dar do pouco que tem", sublinha Eugénio da Fonseca.
A Cáritas lembra que há quase dois milhões de crianças sírias refugiadas em países vizinhos, a maior parte no Líbano, Jordânia, Iraque, Turquia e Egipto, e que "a violência e as deslocações forçadas terão transtornado profundamente a vida de mais de sete milhões de crianças na região".
Um estudo da Unicef realizado em Outubro e Novembro do ano passado mostrou que cerca de duas mil crianças sírias "estão em risco de morte e necessitam de tratamento imediato para sobreviver".
O relatório apontava que as regiões mais afectadas se situam no norte e leste do Líbano, onde os casos de "desnutrição severa" duplicaram nos últimos dois anos, e alertava que a chegada de mais refugiados e o aumento dos preços da comida poderia conduzir a uma "deterioração rápida".
A campanha é lançada esta quarta-feira, em Lisboa, numa cerimónia que conta com a presença do presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, do ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, e com uma plataforma de parceiros, designadamente a Comunidade Islâmica de Lisboa, a Comunidade Ismaili, a Cruz Vermelha, a Cruz de Malta, a Câmara de Lisboa, entre outras entidades.