Os centros de saúde em Portugal dizem ter falta de profissionais técnicos especializados. Cerca de 66% não têm psicólogos suficientes para combater as necessidades das populações.
Os números foram avançados por Carlos Nujo, do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Interior Norte, no encontro Nacional de Unidades de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) dos Cuidados de Saúde Primários do SNS, no Porto.
O técnico apresentou esta sexta-feira um estudo de Diagnóstico da Situação Nacional e adianta que "as unidades de saúde têm falta de psicólogos, terapeutas da fala e fisioterapeutas, entre outros profissionais".
"Os recursos são insuficientes nas URAP e os centros de saúde não têm mecanismos financeiros para contratar mais profissionais", explica Carlos Nujo.
Segundo as unidades de saúde familiar, a única profissão com recursos adequados são assistentes sociais e, "ainda assim, com apenas 26%", refere o técnico.
Com o reforço de profissionais técnicos especializados nos centros de saúde, Carlos Nujo espera que as urgências dos hospitais não fiquem sobrecarregadas.
Sendo os centros de saúde a porta de entrada para o sistema nacional, no caso de existirem profissionais adequados às necessidades existentes, "quer psicólogos, assistentes sociais, quer terapeutas da fala, os utentes terão uma resposta próxima e evitarão a sobrecarga das urgências hospitalares", acrescenta Carlos Nujo.
Já a presidente da comissão científica aponta a falta de regulamentação como uma barreira. Ana Sousa, psicóloga clínica diz à Renascença ser urgente "disponibilizar estes cuidados integrados a todos os doentes".
A acessibilidade de serviços e a facilidade de proximidade com os profissionais vai melhorar os tratamentos. A psicóloga clínica do Agrupamento de Centros de Saúde de Arouca acredita que "neste momento do SNS é preciso pensar no pós pandemia e pensar como é que estes profissionais podem melhorar o tratamento ao doente".