O líder opositor russo, Alexei Navalny, que cumpre uma pena de quase 30 anos de prisão, saiu esta quinta-feira em defesa dos seus advogados que se encontram presos sob acusação de extremismo.
"Acusá-los de entregar mensagens extremistas è ridículo. Quero expressar o meu apoio e reconhecimento a Vadim Kobzev, Alexei Lipster e Igor Sergunin", disse Navalny.
Navalny apelou também aos juristas russos para "não permanecerem calados e manifestarem-se como uma frente unida em defesa dos seus colegas".
"Percebe-se perfeitamente. São perseguidos por ajudar o seu cliente, destruindo assim as últimas hipóteses de defesa", acrescentou Navalny.
O líder opositor russo afirmou que a prisão dos três advogados tem como objetivo a "punição pelo magnifico trabalho" dos mesmos, "intimidando a sociedade, e especialmente os advogados que se atrevem a defender políticos detidos".
A União Europeia (UE) pediu no domingo às autoridades russas que libertassem "imediatamente" os três advogados do líder russo, para que possam continuar a exercer e a reunirem-se com o seu cliente.
"A UE apela à sua libertação imediata, devem ser autorizados a exercer as suas funções jurídicas e a encontrar-se com o seu cliente, que está injustamente isolado", declarou Peter Stano, porta-voz do alto representante da UE Josep Borrell, na rede social X.
Os três advogados foram presos no dia 13 de outubro acusados de extremismo, pelo que a sua equipa viu a ação como "um ato de intimidação com a clara intenção de isolar completamente Navalny".
O porta-voz afirmou que o sistema jurídico na Rússia foi mais uma vez "instrumentalizado para a repressão".
"Após a detenção de Navalny por motivos políticos, os seus advogados de defesa foram agora detidos", afirmou Stano.
O chefe do departamento jurídico da equipa de Navalny, Vyacheslav Gimadi, escreveu na rede social X que os advogados estão detidos ao abrigo do artigo 91 do Código de Processo Penal, o que significa que têm o estatuto de suspeitos e não de testemunhas.
Navalny, de 47 anos, que já estava a cumprir uma pena de nove anos de prisão por alegada fraude, foi condenado em agosto passado a mais 19 anos de prisão por criar uma organização extremista, uma referência à FBK, fundada em 2011 e proibida há dois anos.
A FBK tornou-se um alvo do Kremlin por denunciar o enriquecimento ilícito de altos funcionários, incluindo o Presidente russo, Vladimir Putin, a quem acusou, em 2021, de possuir um sumptuoso palácio nas margens do Mar Negro.