Entrou aplaudido por apoiantes num hotel no Porto, ao final da tarde, e depressa Rui Rio assumiu ao que vinha. Ou ao que não vinha: ao desafio de Luís Montenegro, para que marcasse eleições direitas e disputasse a liderança do partido com o antigo líder parlamentar do PSD, Rio respondeu com um rotundo “não”, garantindo que “nunca participou nem participaria em golpes palacianos ou em tentativas de enfraquecimento de uma liderança legitimamente eleita”.
Depois, e antecipando-se ao recente encontro de vários dirigentes de distritais do PSD com vista à convocação de um Conselho Nacional extraordinário para destituir a direção de Rui Rio, o presidente do PSD adiantou que, ele próprio, vai apresentar uma moção de confiança no Conselho Nacional.
"Se for esse o seu entendimento, o Conselho [Nacional] pode retirar a confiança à direção nacional e assumir democraticamente a responsabilidade de a demitir. Se os contestatários não conseguiram reunir as assinaturas para a apresentação de uma moção de censura, eu próprio facilito-lhes a vida e apresento uma moção de confiança", afirmou Rui Rio.
Na comunciação que fez esta tarde no Porto, sem direito a perguntas dos jornalistas, Rio recordou que sempre cumpriu os seus mandatos, que se candidatou a líder da oposição "em nome de um projeto para o país e sem nenhuma ambição pessoal", criticando, sem se referir diretamente a Montenegro, aquilo que denomina de “permanente política do bota-abaixo e da sobreposição egoísta do interesse partidário ao interesse nacional”.
Mas Montenegro seria o mesmo principal visado, agora diretamente, das declarações de Rio. "Desde que tomei posse como presidente do PSD, o país tem assistido a um espetáculo deplorável de guerrilha interna e afronta permanente à minha pessoa e à direção nacional", recordando o presidente dos sociais-democratas que “o primeiro ato do espetáculo foi a intervenção de Luís Montenegro no recente congresso do PSD, apenas um mês depois da minha eleição".