O TikTok apresentou, esta terça-feira, uma nova funcionalidade de controlo parental, que permite aos encarregados de educação criarem filtros para impedir os mais novos de verem determinados conteúdos. A novidade, acrescentada ao Acompanhamento Familiar, pode ser uma ferramenta útil para os pais que quiserem promover a segurança online dos jovens, mas, "por si, não resolve tudo". Quem o garante é Tito de Morais e Cristiane Miranda, do projeto Agarrados à Net, que ajuda "famílias, escolas e comunidades a promover o bem-estar digital de crianças, jovens e adultos".
Em reação à apresentação feita pela plataforma em Lisboa, Tito e Cristiane defendem que é de "louvar que plataformas como o TikTok desenvolvam ferramentas" que promovam a segurança, especialmente dos utilizadores "mais vulneráveis", especialmente se as medidas forem feitas com a ajuda dos pais.
"É de parabenizar o facto de ouvirem os pais no sentido de os ajudar a manterem os filhos mais seguros na plataforma", dizem, à Renascença.
Mais importante ainda é, talvez, o facto da plataforma estar a tentar ouvir os jovens nesse sentido, com a criação do Conselho de Jovens. "Ouvir os jovens nos temas que os afetam é um direito consagrado na Convenção dos Direitos da Criança e é algo que defendemos ardentemente no âmbito das ações do projeto Agarrados à Net".
Dialogar antes de filtrar
No entanto, a dupla reforça que os pais precisam de perceber que a filtragem não é tudo. "É bom terem presente que, a partir dos 13 anos, muitos dos jovens sabem como 'dar a volta' aos controlos parentais", reiteram. Para além das crianças poderem ter acesso ao conteúdo através, por exemplo, dos amigos da escola, os controlos parentais podem ter "o resultado inverso ao desejado" e "dar uma falsa sensação de segurança aos pais". Em último caso, os adolescentes podem até afastar-se da plataforma por se "sentirem vigiados pelos pais" ou criar "contas 'alternativas' que não sejam do conhecimento" deles.
Apesar disso, Tito e Cristiane admite que a filtragem pode ser "mais eficaz e benéfica" do que, por exemplo, a proibição de criação de conta a menores de 13 anos pois estes acabam por arranjar forma de participar, mesmo com restrições. "A melhor opção passa sempre por conversarem com os seus filhos desde cedo sobre a utilização das tecnologias", admite a dupla, que acredita que estas ferramentas também podem acabar por "potenciar esse diálogo".
Quanto aos filtros propriamente ditos, os autores do projeto Agarrados à Net não se focam propriamente na possibilidade dos direitos dos jovens poderem ser violados pelos pais, mas mais na forma como esta medida pode ser implementada pelas famílias. "Os pais têm de conciliar dois direitos, o que nem sempre é fácil: o direito à proteção e o direito à privacidade".
No final, o essencial é, por isso, que as conversas aconteçam "antes de se recorrer a este tipo de ferramentas". "O diálogo tem de ter lugar antes da sua adoção", rematam.