“Se querem saúde, emigrem”
24-10-2023 - 10:33
 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

João Duque critica as declarações do diretor-executivo do SNS que antecipa um “novembro dramático” se Governo e médicos não chegarem a acordo.

“Se querem saúde, emigrem”. É esta a reação do comentador da Renascença João Duque à entrevista do diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em que Fernando Araújo alerta que o mês de novembro vai ser “dramático” se não houver acordo entre médicos e Governo.

O economista diz, no seu espaço n'As Três da Manhã, que vê as declarações de Fernando Araújo “com muita preocupação”, assinalando que o diretor-executivo do SNS coloca a responsabilidade do lado dos médicos.

“A entrevista é dada com esse sentido, chamando a atenção para a necessidade de os médicos cumprirem aquilo que são deveres de éticos perante a população e, portanto, subjugarem o interesse individual ao interesse da população”, observa.

“Ainda não ouvi queixas do setor privado a dizer que novembro vai ser dramático. Pode ser, porque se não houver resposta do SNS, as pessoas vão para o privado, porque é isso que tipicamente se faz em Portugal”, acrescenta, completando que “Portugal é dos países que têm mais seguros de saúde, exatamente porque as pessoas sabem que não podem contar a 100% do Serviço Nacional de Saúde”.

Na visão do comentador, “no imediato não é possível” resolver os problemas da saúde apesar de o Governo “estar sempre a dizer” que está a resolver.

“Temos muito caminho para andar. Não temos feito o trabalho estruturado. Acredito que agora se esteja a fazer, mas vai demorar e eu não acredito que seja no fim de 2024”.

Questionado sobre se há necessidade de formar mais médicos - como defendeu Fernando Araújo - o comentador é pragmático na resposta, afirmando que “se querem baixar os rendimentos médicos, formem muitos”.

“Pode ser que fiquem tantos formados e ociosos que depois o preço entre aspas do seu salário vai baixar. Mas não é assim que se trata a qualificação das pessoas que de facto merecem rendimento por aquilo que sabem”, conclui.