Na primeira declaração após a saída formal do Afeganistão, o Presidente norte-americano disse esta noite que só havia duas hipóteses: Ou sair, ou agravar a situação e prolongar a guerra por mais uma década.
“Ou cumpríamos o compromisso da anterior administração, e saíamos do Afeganistão, ou não saíamos e tínhamos de comprometer mais centenas de milhares de tropas na guerra. Esta era a verdadeira escolha, ficar ou reforçar.”
Palavras de Joe Biden numa declaração ao país com quase meia hora, e sem direito a perguntas, em que o chefe de Estado chegou a descrever a operação como um "sucesso".
"Nenhum país jamais alcançou algo parecido na história. O extraordinário sucesso desta missão deve-se ao incrível talento, bravura e coragem altruísta dos militares dos Estados Unidos [da América], os nossos diplomatas e os nossos profissionais de informações".
O tom foi sobretudo de justificação para a forma como a saída aconteceu, com o Presidente norte-americano a dizer que a retirada militar do Afeganistão, concluída na noite de segunda-feira, não foi uma missão militar, foi uma missão de misericórdia.
“Os homens e mulheres militares norte-americanos, o nosso corpo diplomático e serviços de inteligência fizeram o seu trabalho, e fizeram-no bem. Arriscaram as suas vidas, não para ganhos profissionais, mas para ajudar terceiros. Não numa missão de guerra, mas numa missão de misericórdia”
O Presidente americano confirmou que há até 200 americanos ainda em território afegão, e que tudo fará para retirar os que querem sair. “Acreditamos que se mantém entre 100 e 200 americanos no Afeganistão, com alguma intenção de sair. Muitos dos que decidiram ficar têm raízes e são residentes há muito tempo, e que decidiram ficar por terem laços familiares. Na data-limite, 90% dos que quiseram sair puderam sair. Para os que ficaram, não há prazo. Estamos empenhados em tirá-los de lá, se quiserem sair.”
Jose Biden garantiu que estão a ser feitos todos os esforços para assegurar que os Talibã cumprem com a sua palavra, e deixam sair do país quem quiser sair. “Os talibã assumiram compromissos públicos, divulgados pela imprensa: uma retirada pacífica para quem quiser sair, incluindo para os que trabalharam para os americanos. Não os avaliamos apenas pelas palavras, mas pelos atos. E temos trunfos para obrigá-los a cumprir.”
“Deixem-me ser claro, retirar a 31 de agosto não foi uma data arbitrária, foi uma data escolhida para salvar vidas americanas”, concluiu.