Já estiveram concentrados em protesto frente ao Ministério das Infraestruturas. Hoje, sem aviso prévio, uma delegação com cerca de 30 trabalhadores entrou e avisou que só saía depois de ouvidos pelo ministro ou pelo secretário de Estado. E foi Frederico Francisco, o secretário de Estado das Infraestruturas, que os recebeu.
"Infelizmente, ainda não lhes demos a notícia que esperavam: que o problema deles está resolvido. Mas a garantia é que o Governo e a CP estão empenhados em resolver o problema o mais rapidamente possível. Temos consciência que há pessoas em situação complicada, com salários em atraso", disse o governante.
A CP já comunicou à atual concessionária a denúncia do contrato e está a decorrer, até dia 29 de março, o período de audiência prévia. E já tem preparado o lançamento de um novo concurso, "para o qual aguarda apenas autorização tutelar, no caso financeira", para o fazer avançar o mais rapidamente possível.
Luís Batista, do Sindicato de Hotelaria do Sul e funcionário dos bares dos comboios, admite que os trabalhadores em causa saíram deste encontro "com uma mão cheia de nada".
"Mas levamos um conjunto de informações importantes sobre esta matéria, que confirmam as nossas preocupações", sublinha.
"Primeiro, o modelo que foi escolhido para denunciar o contrato é lento. Temos de aguardar até ao final do mês que a empresa possa exercer o direito de defesa da denúncia do contrato. E o novo concurso ainda não está formalmente aberto, porque carece de assinaturas da tutela, nomeadamente das Finanças, depois de ter sido assinado pelo Ministério dos Transportes".
Por isso, os trabalhadores lançam um desafio ao Governo.
"Quanto tempo demora por uma assinatura num papel, sabendo que disso depende a vida de 130 trabalhadores? Isto é icompreensivel do ponto de vista politico, e o PS podia dar um sinal de poder resolver a situação", ainda para mais com maioria absoluta.
Por isso, deixam claro que não vão desistir. "Se nos próximos dias não houver a resolução desta situação e um concurso oficialmente lançado, nós mudaremos o nosso acampamento de Santa Apolónia para a porta do Ministério das Infraestruturas ou para outro Ministério que seja necessário".
Os cerca de 130 trabalhadores que asseguram os serviços de bar a bordo dos comboios da CP são funcionários da Apeadeiro 2020, empresa que detém a concessão dos bares dos comboios. Estão sem receber salário há dois meses e têm estado desde início de março em greve. Desde então, os comboios de longo curso não têm serviço de cafetaria e bar a bordo.